Estamos lá boa noite a todos, sejam bem-vindos. Na outra aula eu estava explicando um pouco a diferença entre o ensino da cultura filosófica e o ensino da filosofia. São duas coisas não apenas diferentes, mas não raro, opostas e incompatíveis. Porque a cultura filosófica em princípio abrange tudo que se publicou desde o começo dos tempos sob o nome de filosofia. E isso é absolutamente inabarcavel por qualquer ser humano. E só pode ser abarcado do ponto de vista material, em arquivos, enciclopedas, etc. E nenhum filósofo jamais se dedicou seriamente a articular essa totalidade. E quando fez, como por exemplo, reggae o faz, tenta fazer isso. Mas o que ele chama totalidade, história do pensamento é assim, é um fragmento, é 2%, não mais do que isso. Ele ignora praticamente todo o pensamento oriental, o pensamento chineso, ele não está sabendo nada disso. O que ele toma como totalidade da filosofia é um pedacinho da filosofia ocidental. Quando as pessoas dizem que a filosofia lida com o todo, enquanto a ciência lida com as partes, é uma coisa inteiramente absurda porque o todo só nos é alcançável sob a forma de uma assinta. Quer dizer, uma assinta, uma curva que vai chegando lá, mas nunca chega. Então é uma totalidade meramente potencial, simbólica. Não uma totalidade efetiva. Ora, então se a filosofia de fato não pode lidar com a totalidade com o que ela lida, este é o problema. Então a resposta é evidentemente a totalidade acessível a um indivíduo em particular, que é o filósofo. Então daí a ideia minha da filosofia como busca da unidade do conhecimento, não lidar da consciência e vice-versa. Quer dizer, uma consciência que se elabora na medida em que luta para alcançar o máximo que ela possa de uma totalidade que permanece inalcançável. Isto, presta atenção, isto é o que todos os filósofos fizeram, independente, vendo o conteúdo da sua filosofia. Portanto, quando eu dei essa definição, eu não estava procurando uma definição filosófica da filosofia. Muitos filósofos dizem que somente a filosofia pode se definir a si mesmo, o que é a mesma coisa que quer dizer que ela não pode se defender de maneira alguma. Então eu falei, tende a ver a possibilidade de uma definição científica, isso é uma definição que efetivamente possa distinguir entre o que o filósofo faz e o que todos demais fazem. Cientistas, teólogos, advogados, cientistas sociais etc. E esta é a diferença. Quer dizer, a totalidade do conhecimento e a totalidade do universo não são abarcáveis pelos humanos, não são alcançáveis. Mas se nós não tivermos nenhum padrão de unidade no nosso conhecimento, ele é um caos. Então não conhecemos nada. Um conhecimento totalmente desprovido de unidade não é um conhecimento, é apenas um caos de ideia solta. Então, existe essa permanente necessidade da luta pela unidade, por uma unidade que permanece eternamente inalcançável, que só existe como busca, como luta e como esforço. Inclusive, há um livro muito interessante, Nicolás Recher, Harmonia Cognitiva, o papel da harmonia sistêmica na constituição do conhecimento. Isto é o essencial do problema. Claro que quando comecei a elaborar essa questão, foi muito ansitado esse livro, mas ele confirma inteiramente o que eu estou dizendo. Quer dizer, existe um elemento de harmonia cognitiva sem o qual não há conhecimento. E essa harmonia cognitiva não pode se confundir com a posse cognitiva da totalidade, mas apenas com uma tendência totalizante. Essa tendência totalizante tem de ser renovada de novo e de novo e de novo a cada nova geração para que o conhecimento não perca toda a sua harmonia e não se torne um caos por simples. Esse cachorro está ali, dando palpite. O que você entende isso? Então, deu para entender até aqui? Daí é que vem a minha definição da filosofia. E ela expressa, portanto, aquilo que os filósofos realmente fazem e é aquilo que os diferencia de todas as demais atividades intelectuais. Então, eu acho que com isso nós temos pela primeira vez uma definição científica do que é a filosofia. Científica e não filosófica. Muito bem, mas eu estava explicando isso, mas daí aconteceu durante esse tempo alguns fatos muito estranhos. Inclusive, esse pedido de impeachment do general Murão pelo deputado Marco Feliciano, ele estava aqui, ele me contou que ia fazer isso, mas eu nem imaginei que fosse tão imediatamente, eu pensei que fosse um negócio para a mesa depois. No dia seguinte ele apareceu com a história. Eu não sei o que pensar, eu não sou nem a favor nem conta, mas eu sei que se o homem foi impechado, eu não vou chorar. Agora, isso recoloca, em discussão, vários problemas porque estão dizendo que essas divergências do general Murão com o presidente Bolsonaro são partes de um negócio chamado Guerra Híbrida. Ó, a Guerra Híbrida foi... existem muitas novas teorias geopolíticas, teorias militares que surgem a 30 anos. Todo o que as pessoas não têm entendido nada, elas inventam mais uma. Eu lembro que nos anos 90 havia vários generais que estavam discutindo assim. Não, agora não tem mais leste oeste, agora é norte-sul. É um negócio assim, é tanta pretensão, tanta presunção, ao mesmo tempo tanta ignorância. E os caras não sabiam os fatos que estavam acontecendo, mas já tinham macros teorias lindíssimas, todas elas copiadas do Center Foreign Affairs, o Center dos Rockefellers, que produz essas coisas, uma atrás de outra, e aqui é um bando de ignorante. Os caras não sabiam sequer da existência do Fora de São Paulo e já estavam lançando milhões de teorias. E os nossos militares, como são terceiro mundistas, bobocas, ficam deslumbrados por essa coisa e copiam e saí repetindo, e acha que está falando alguma coisa quando não está falando absolutamente nada, nada. Veja, a influência intelectual predominante nas nossas forças armadas foi o positivismo do Augusto Compte, que dominou praticamente toda aquela geração de militares que fez a república. O positivismo é uma escola enormemente complexa, que teve 100 versões diferentes. Eu recomendo para vocês este livrinho do Kolakovsky como introdução da Cheque Kolakovsky, que é o grande filósofo polonês, estão vendo aí? Eu não sei se isso foi traduzido no Brasil, acho que não. É filosofia positivista. Então aqui ele mostra a complexidade da coisa mais a uma série de traços que permanece uniformes desde o tempo do Augusto Compte. O primeiro é a confiança absoluta nas ciências positivas, ciências naturais, como única via válida de conhecimento. O resto é tudo, para eles é tudo sonho, ilusão, poesia e romance, literatura, religião, teologia, filosofia, etc. Só as ciências positivas são fonte de conhecimento. Nós sabemos que isso é 100% falso e, aliás, impossível. Se vocês ouviram um pouquinho das declarações do professor Wolfgangs mitofilmes sobre os milagres, já vão entender isso absolutamente. Aqui ele era apenas uma presunção de poder, exer você juntar uma comunidade científica e fazer dela o guia da humanidade. Augusto Compte dividia a história da humanidade em três etapas. Primeiro a etapa teológica, que era baseada em revelações, deuses, etc. Depois a etapa metafísica, que era construções intelectuais sem fundamento empírico. E, por fim, a etapa positiva na qual entramos, graças ao próprio Augusto Compte, que era a da ciência positiva final. Hoje nós sabemos o mal que isso fez a humanidade, quer dizer, a quantidade de estupidez que isso espalhou no mundo. As várias escolas positivistas, ou não positivistas, ou metapositivistas que apareceram, então, são muito variadas, mas, do fundo, todas elas têm o mesmo preconceito. Então, no começo do século, por exemplo, Bertrand Russell e Whitehead tentaram criar uma enciclopédia do conhecimento que seria vandeu conjunto dos dados científicos que podem ser, então, tidos como filosofia válida. Claro, o projeto fracasou e o Whitehead acabou desistindo. A filosofia final do Whitehead já tinha elementos teológicos, não tinha mais nada de positivista. E o Whitehead foi um dos homens mais inteligentes do século XX, mil vezes mais inteligentes do que Bertrand Russell e os outros coitadinhos da Escola Positivista. A versão que exerceu sua influência sobre os nossos militares foram as primeiras, portanto, as mais simplórias. E, evidentemente, se somente as ciências físicas, sensas-ditas positivas, são um conhecimento verdadeiro, então, os cientistas positivos são os detentores do poder cognitivo total. Eles é que sabem tudo isso, são os detentores da verdade e, portanto, os detentores das normas de conhecimento, das normas morais, das normas políticas, etc. Então, o regime propognado pela Escola Positivista era declaradamente uma ditadura. Não era uma ditadura cultural, eles não impediam a discussão, era uma ditadura material. Então, vocês podem discutir o que quiserem, mas nós cientistas vamos resolver o que nós vamos fazer e não aceitamos seus palpites. E assim foi, isso foi aplicado na França, foi aplicado no México e vários lugares. E no Brasil foi o sucesso total. A adesão do Brasil, a filosofia Positivista, foi tanta que o discípulo de Augusto Compte, Emile Chartier, que é chamado Alain, na Primeira Guerra ele disse, essa Primeira Guerra aconteceu porque o mundo não soube seguir o exemplo do Brasil, e se tornou Positivista e adotou até a norma Positivista como Dístico da sua bandeira, ordem e progresso. Então, a ordem, quem que é a ordem? É estrutura das ciências físicas e o progresso, é o aquilo que resulta. Nós estamos esperando isso acontecer até hoje, nunca aconteceu. Então, isso significa que o Positivismo foi, ao mesmo tempo, um inimigo ideológico do comunismo, porque na medida em que ele propunha a ditadura dos cientistas, ele não ia poder aceitar a ditadura do partido como este, ele não ia ter a ditadura do proletariado, então dois regimes ditatoriais que se opunham, se combatiam, mas que, em geral, onde penetrou Positivismo, o comunismo logo ganhou o terreno, conquistou o terreno. Isso aconteceu no Estados Unidos, a partir da fim da segunda guerra, o pessoal, as filosofias Positivistas, dominaram todo o campo universitar-americano, proibindo testes que não fosse aceitáveis do ponto de vista dele, e em menos de 30 anos comunistas tinham tomado o campo deles e dominaram tudo, e hoje até os Positivistas são os coitadinhos. Vija, uma coisa é você se contra o comunismo porque você é cristão, o judiôr do doxo, o cristão católico protestante, porque você acredita no mundo espiritual, acredita na vida após a morte, acredita no Deus, e você é contra uma ideologia que volta todo o interesse do ser humano para um mundo material, ou, como dizia António Grâmpio, para a absoluta terrestrialização do pensamento. Você vê essa terrestrialização como uma prisão, você vai prender o homem numa dimensão puramente animal, impedindo que ele alcance as metas espirituais que são próprias dele, isso é uma coisa. Outra coisa é você se contra o comunismo porque você é Positivista. O Positivista não aceita a filosofia da história marxista, porque ele só acredita no progresso das ciências materiais, então é o progresso das ciências materiais que tem que determinar o curso da história e não uma suposta dialética da luta de classe. Veja, existe um conflito entre o Positivismo e o Comunismo? Como existe entre o Fascismo e o Comunismo? São ideologias ditatorais brigando entre si, elas às vezes brigam, às vezes entram em acordo, às vezes colabora, às vezes se matam, isso acontece. O Comunismo, o Comunismo e o Nazismo, assim como o Positivismo e o Nazismo. Mas nós não podemos, porque você é o primeiro de todos para o Positivismo. O Positivismo deu origem a toda esta coisa. A terrestralização absoluta do pensamento foi inversão positivista e não marxista ou fascista. Mas ainda, como é uma ideologia de cientistas e professores intelectuais de alto nível, então você imagina o censo de superoridade que essa gente tem sobre o resto da espécie humana. Eles não querem saber a opinião de ninguém, é só eles que decidem tudo. E a nossa República foi implantada assim. A nossa República virou ditadura militar no dia seguinte. Quer dizer, havia muito mais democracia e liberdade no tempo do Império do que com a nossa República. Por quê? Porque a República era Positivista. E essa ideia continuou predominando na mente dos militares, dos governantes brasileiros, praticamente até agora. Jethul Várgas era um Positivista. Então, na verdade, todos eles são. E quando houve o 31 de março, ou seja, houve a revolta contra o governo pro-comunista do João Goulart, essa revolta começou com líderes conservadores cristãos, pelo menos que se declaravam cristãos, como Carla Serda, de Mali Barros, a Ormorandrade, e receberam apoio de inúmeros órgãos religiosos da sociedade civil, a ACM, a Liga das Senhores Católicas, as Igrejas Evangélicas, a Maçonaria, todo mundo, todo mundo contra o governo desde mais de um ano antes. E isso culminou na margem da família, que foi até então a maior manifestação, maior protesta do público no Brasil. Disso tudo, os militares não participaram absolutamente. Quantos militares têm na margem da família? Nenhum. Quantos organizaram na margem da família? Nenhum. Foi só a sociedade civil, a emida inteira, ver dizer, a emida inteira, o Globo, o general do Brasil, o Estado de São Paulo, todos eles, só tinha um jornal a favor do governo, que era a última hora, que aí isso era paga pelo governo, que tinha sido fundada pelo Getúlio Varkas. O resto da mídia é toda, as estações de rádio, TV, todo mundo contra. Então, esta mobilização popular espalhou o pânico no governo gulá, tá certo. E o presidente e o seu cunhado brisola decidiram fugir por O Gran Sul. E aí, neste meio tempo, aconteceu a sessão conjunta do Senado e da Câmara, que declarou a presidência vacante e entregou a presidência ao vice-presidente, Ranieri, mas ele tudo isso legalmente. Agora, é claro que houve também alguma conspiração militar no fim. Se você procurar história, você vai ver que os primeiros começaram isso aí, foi o Carlos Lassé de Abril Sodré. O Abril Sodré depois, mais tarde, esse acovador ficou do lado do milico, mas ele foi um dos primeiros, como ele disse, o governo do São Paulo. O Carlos Lassé era, evidentemente, o piorreiro disso tudo. O governador em Minas, o Magalhães Pinto, ele era um dos mais próximos aos militares, provavelmente ele que articulou o militar no fim. Você só ouve de falar de movimento militar contra o jongulã dois dias antes da derrubada do ano. Mas a resistência civil vem mais de um ano antes. Então, não vem dizer que os militares foram pioneiros nisso. Inclusive, o cara que ele depois elegeia um presidente, que foi o Berde Lencar Castelo Branco, ele não queria participar de nada disso, ele não fazia parte do movimento. Então, muito bem. Quando derrubam o presidente, os militares tomam a frente e quando elegem o Castelo Branco, o presidente, já em 11 de Abril, veja, onde estava o jongulã, o jongulã de Atanasambia, já tinham derrubado o jongulã e havia um presidente legalmente construído, que era o Ranieri Masili, e daí eles inventam de fazer uma eleição e as forças amadas impõem o general Castelo Branco como candidato. E, ao serem possados, o general Castelo Branco faz sua primeira declaração política. E a declaração política é o seguinte, a direita reacionária não dominará o país. Então, evidentemente, ele deu um golpe não contra o governo comunista já derrubado, mas contra a direita reacionária que estava tomando o poder. O golpe foi para isto. Foi o golpe dado para parar o Carlos Acerda, para parar o Ademaribar. O Ademaribar foi expulso do país. Carlos Acerda foi caçado e provavelmente assassinado. Se você lê o livro do Carlos Entonconia a respeito, ele coloca lá uma sere suspeita de que mataram o Carlos Acerda. Outra coisa, é claro que houve algumas caçações de professores universitários comunistas, como, por exemplo, o Fernando Henrique Cardoso, o Gerto Genote. Porém, logo em seguida, estes mesmos receberam apoio bilionário da Rockefeller Foundation e prosseguiram as suas atividades comunistas com muito mais envergadura e repercussão do que antes da universidade. Ao passo que as entidades da direita ideológica foram extintas. A principal delas chamava-se Convivium, chefeada pelo padre Adolfo Crippa, que publicava uma revista de filosofia, principalmente católica, da mais alta qualidade. O Convivium foi fechado e preste bem atenção até hoje. Até hoje trabalhos publicados na revista Convivium não são aceitos para fim de correr com o universitário. Ou seja, fecharam completamente a direita ideológica. Isso foi os militares que fizeram. Eles fizeram mais contra a direita ideológica do que jamais fizeram contra os comunistas. Aliás, a respeito de comunismo, a ignorância e indiferença desses homens é uma coisa absolutamente inurgente, porque vocês vejam o livro do Mauro Abranches, que é o Elio Perdido, em 1964. Aquele livro mostra que havia aproximadamente uns 3 mil agentes da KGB no governo global. As forças armadas investigaram algum desses, prenderam algum desses, mandaram algum desses embora. Nunca fizeram nada. Nós só ficamos sabendo disso quando esse brasileiro, cidadão privado, Mauro Abranches, foi investigar lá no serviço secreto da Tchéko Lová, que descobriu tudo isso aí. Mas ainda, o livro do chefe do serviço secreto Tchéko no Brasil, lá diz lá o beatdown, foi publicado duas vezes, com dois títulos, um foi as de Deception Game, e o outro foi KGB, a Soviet Information, mas é o mesmo livro. Esse livro foi publicado em 1972, pela Universidade de Syracusa. 1972. Aqui ele conta o seguinte, aquela história de que foi a CIA, foi o governo americano que preparou o golpe em 1964, fomos nós que inventamos, nós do serviço secreto Tchéko, que é a mesma coisa que a KGB. Como é que nós inventamos? Nós não conhecíamos nenhum agente da CIA lotado no Brasil. Nós queríamos falsificar um documento, mas não tinha o nome de um cara da CIA. Então pegamos um cara do FBI, e fizemos uma carta do chefe do FBI, o Hoover, o Jota Edgar Hoover, cumprimentando-o pelo sucesso da operação, isso se referia ao golpe militar. O Brasil não se anotou ignorando, e eu não sabe o seguinte, o FBI é proibido de atuar no exterior, só quem atua no exterior é a CIA, a CIA existe para operações de espionagem quando é espionagem no exterior, o FBI só dentro do território americano, de maneira que se tivesse um cara do FBI atuando no Brasil, e não recebendo uma carta de congratulações dos chefes. No entanto, contra o Ládio Laubitman, nós espalhamos esta carta para toda a mídia, e todo mundo acreditou, e daí ficou o mito de que o golpe começou em Washington. Eu também tenho outro depoimento, que é do Paulo Egido Martins, que foi governador de São Paulo, e ministro das Minas Energias. Um dia eu perguntei a ele, no golpe 64, ele falou, não, não é verdade, e eu disse, como é que o senhor sabe? Eu sei, porque eu fui lá pedir ajuda, e saí com a mão à frente e eu estava atrás. O máximo que eles ofereceram foi um navio de combustível que não foi de graça, nós pagamos. Eu não tinha dinheiro, o Estado não tinha dinheiro, eu pedi impressos por meu sogro, que era um banqueiro da família Bainton, o Bainton deu dinheiro para ele e pagou. O depósito do navio, o combustível não foi usado, foi devolvido e nunca o americano devolver o dinheiro. Isso foi a ajuda que eles deram em 64. Daí aparece até, no YouTube, já passou milháreas de vezes, aqui a prova de que os americanos estavam lá interferindo, e a prova é um telefonema do embaixador Lee Congordo ao presidente Johnson, dizendo, presidente, os tanques estão na rua, o que nós fazemos? Isso já no dia 31, 1º de abril. Isso foi apresentado como prova de que os americanos planejaram tudo. O que você vê ali é que os americanos estavam sabendo da coisa, mas só souberam dos fatos no último minuto. Portanto, não participaram de nada. O responsável do Johnson disse, faça alguma coisa. Não é maravilhoso? Agora, o que os militares fizeram para aproveitar a informação do Ladislav Bitman? E investigar os verdadeiros culpados de uma história que os acusava? Nada. Ficaram quietinhos. Deixaram que a mentira contra as forças armadas circulasse livremente durante 30 anos. O que eles fizeram para investigar as informações do Paulo Egido e desmascarar a participação americana? Nada, nada. Sabe por que eles não ligam para a luta ideológica? Quantas vezes eu não ouvi militares dizer não, isso é só papo, quando chegar na hora do pau de fogo, eles estão acabados. E para que tem que chegar na hora do pau de fogo? Se você pode impedir o conflito, para que você ficar esperando porque você sabe o que é mais forte? Isso aqui, sabe o que é? Isso é traição. Quando o Paulo Egido soltou aquela história de que o Vladimir Herzog era um agente britânico, depois o Zé Mindling desmentiu, de não o consumo e falou ao contrário e tal, mas o fato é o seguinte, o fato é que, se esse desmentido valesse alguma coisa, o Paulo Egido teria retirado essa história do seu livro. Ele foi primeiro contado, a história do povo publicou no livro a mesma história, de que o conso britânico tinha informado a ele que o Vladimir Herzog era espião britânico. Ora, se ele foi espião britânico, quem o matou na cadeia? Os militares, não os comunistas evidentemente. Os militares mandaram investigar isso, nunca. Eles preferiam que um dos seus, o general Edinardo Avelamelo, levasse a culpa do homicídio sem que eles investigassem nada até hoje. E você vem dizer que esses caras entendem alguma coisa de guerra cultural? Agora se inventaram, a guerra híbrida, a guerra simétrica e isso, tudo tem um técnico bonito para disfarçar uma ignorância monstruosa. Se você ler os romances que... Desculpa muito, mas o que você quer dizer com a guerra híbrida? É um conjunto de operações que foi montado para derrubar a Dilma. É um termo inventado pelos comunistas. E agora está dizendo que o general Morão, ele diz essas coisas contra o governo porque é uma operação espertíssima de guerra híbrida. Pelo amor de Deus, esses pessoas não sabem nada desse assunto, eles ficam sem fazer de gostosão, querendo bancar os super intelectuais. E o que eu vi desde o década de 1990, comprovam o seguinte, toda vez que eles ignoram algo, que eles não entendem algo, eles inventam um termo técnico bonito. Esses pessoas nunca estudaram guerra cultural, nunca nada, eu sei, pô, como é que eu sei? Em 1993, eu publiquei meu livro sobre o Antonio Grampen. Primeiro, o general que mostrou, tem lido alguma coisa, foi o general José Fabriga em 2001. E o general Sergio Coltinho, que estudou seriamente a questão do grampenismo, morreu amar-gurado com as forças armadas porque ninguém prestava atenção no que ele estava ensinando. Então, não vem dizer que vocês conheciam, vocês não conheciam, nada, e até hoje não conhecem nada. Mas agora já inventam um novo termo técnico bonito, não é? Agora não é mais a estratégia grampenha, não é? A guerra híbrida. Que palhaçada é essa, gente? Vamos falar ao Português, claro. Se vocês sabiam de todas essas operações comunistas, não fizeram nada, vocês traíram a patria. Não acredito que vocês seriam traidores, acredito que vocês seriam ignorantes, metimos. Acredito que tudo isso aí é exibicionismo. E assim não vai passar disso. Como tudo no Brasil. Seus polícios são tudo exibicionistas, o milico também, profissão universitário também, jornalista também. O número de pessoas seras nesse país é ífimo. Gente que estuda as coisas que quer saber a verdade mesmo. Às vezes fica até atrapalhado, porque às vezes a verdade é contraditória, nos confunde, mas ele não tem medo de ficar confuso. Agora esses caras têm eles, querem sempre parecer que eles estão por cima. Nós temos toda a explicação, sabemos o que estamos fazendo, é guerra híbrida. Ora, porra, até onde irá essa palhaçada? Quando você ouve, sei lá, você ouve um político americano falando, um político brasileiro, um professor americano, um professor brasileiro, você vê a diferença entre o que é realidade e o que é pose. Nós temos que acabar com isso. Nós temos que aprender a sinceridade, a simplicidade. Não pode continuar assim. Todas as pessoas que ouvi falar no YouTube, pouquíssimas me dava essa impressão de sinceridade, de simplicidade. O professor Pierre-Louis de Piás era um dos mais inteligentes do Brasil. E ele dizia as coisas tudo certinho. Ele não está querendo bancar o gostosão. Ele não via com teorias de nomes esquisitos. Tá, isto aqui você não entende, isto aqui é guerra híbrida, fica quieto aí. Ele não fazia isso. Eu não gavia ele dar o nome bonito para uma teoria, se explicar a teoria. Então, veja, vocês têm ideia de onde vão as coisas. Essa coisa do positivismo dos militares brasileiros, já estava aqui documentada neste livro do padre Michel Desconhan, um padre belga que lecionou no Brasil muito tempo. O Brasil amanhã, interrogação. Então, vendo aí? Este livro é de 1977, e este livro do próprio padre Michel Desconhan, destino do Brasil, 1973. Ele já estava discutindo o problema do positivismo dos militares brasileiros. E esses doutores aí? Ah, os homens do Estado Maior, do Alto Comando, até hoje não sabem disso. Quando você fala que são positivistas, não, nem sabem o que é isso. É claro que uma ideologia se torna mais dominante quando ela já não é reconhecida como ideologia, como ela passa como se fosse o simples senso comum, coisa que todo mundo acredita. E o positivismo brasileiro chegou nesse ponto. Você vê, o povo todo odeia discussões políticas, eles querem só técnicos. Isso não é positivismo, não é, Deus do Céu? Ora, o governo dos técnicos está instalado no Brasil desde a proclamação da República. Eles acabaram com a discussão política, que havia antes, o Senado era um negócio maravilhoso, botaram um monte de técnicos, engenheiros, etc., etc. Passou o bairro de 100 anos e olha qual uma coisa está, gente. O fato é o seguinte, a sociedade humana não é uma máquina que técnicos possam controlar. A sociedade humana você precisa ter, dizer, o faro das coisas que estão acontecendo, na realidade, o faro do fato concreto, que não é assimilável a regras científicas ou técnicas. Só pode ser conhecido na sua situação concreta. Ora, se você pegar, por exemplo, os romances, que os comunistas produziram logo depois do Golpo 64, todo o destino futuro do Brasil está ali. Tudo que viria a acontecer, o agravamento da repressão, a guerrilha, a luta armada, estava tudo ali. Se os militares tivessem lido, e diziam, opa, isso aqui que a esquerda está sonhando, portanto o que ela sonha hoje, o que ela vai fazer amanhã, porque tudo que nós fazemos começa na imargenação. E onde está a imargenação? A imargenção está na vida artística e literária, só que esses caras se acham superiores a isso. Eu não vou ler literatura, essa é coisa só para diversão. Nós só lendo aqui livros técnicos. E pronto, os comunistas fizeram de trouxa. Passados quatro anos, aquilo tudo que estava nos livros de ficção virou realidade. E daí os militares tiveram que dar um jeito na guerrilha, levar um ano para dar um jeito na guerrilha, em guerras heroicas e 10 mil contra um. Costou uma nota preta, e nada daquilo precisava ter acontecido. Se eles tivessem compreendido qual era o plano da esquerda. Vocês têm ideia de qual é a profundidade da penetração da KGB, não só no Brasil, mas na América Latina. Vem a este livro. A Igreja Católica, o Movimento de Libertação na América Latina. Publicado no meditoral de Moscou em 1984. Por Giosip Grigulievich. Passaram-se 20 anos, e daí sai este livro, Marry Ross. O Encanto Secreto da KGB, as 5 vidas de Giosip Grigulievich. Fomos dos maiores espiões da KGB no século 20. E um dos orientadores da esquerda católica na América Latina. Vocês têm ideia do poder disto? Algum milículo lê essas coisas, não está sabendo de nada, está lá. Agora estou estudando aqui guerra híbrida, estou muito ocupado. Estou muito ocupado com as teorias para prestar atenção nos fatos. Então, você vê, nós temos que admitir isso aí. Em 1964, a derrubada do presidente João Gura não foi um golpe, foi uma atitude perfeitamente legal do Parlamento. O golpe veio depois contra quem? Não, os comunistas tinham fugido. Foi feito contra os líderes políticos e intelectuais de direita que haviam derrubado o João Gura. Isso significa que esses militares acabaram com a direita no Brasil, ao passo que os comunistas não acabaram de jeito nenhum. O período militar foi o período de maior progresso da indústria do livro Comunista no Brasil. Isso foi pesquisado e comprovado pelo embaixador Mirapena. A literatura anti-comunista desapareceu das livrarias. Os autores anti-comunistas foram sendo banidos da mídia um por um. Gustavo Corsão, Lenino da Bosa Pessoa, Nicolas Boer, todos eles. Nos últimos meses do governo militar só havia comunistas na mídia. Então a história de 1964 é constado por dois grupos de mentiras. A mentira auto-vitimizante dos comunistas que se fazem de coitadinhos a mataram quatro senos dos nossos, a mataram quatro senos de vocês no Brasil, enquanto vocês matavam 100 mil em Cuba. A história de 17 mil? Não, não, não. Já tem lá o site Cubdesque, os nomes de um por 100 mil em Cuba. Vocês mataram 100 mil. Quantos brasileiros ajudaram a matar esses 100 mil em Cuba? Praticamente todos, porque todos que foram para trabalhar no serviço secreto cubano. Então essa é uma das mentiras. E a outra mentira é essa. As forças armadas salvaram o Brasil do Comunista. Nós temos que parar com essa palhaçada, porque isso está sendo vendido de novo para aumentar e glorificar o prestígio de oficiais militares que, no meu entender, não merecem confiança nenhum. Tá bom, então, até a próxima. Obrigado.