Então vamos lá, boa noite a todos, sejam bem-vindos. Hoje, conforme é anunciado, eu vou tentar explicar aqui qual foi a contribuição do Jacques Derrida para a formação da ideologia diversitária, ideologia de 68, ideologia diversidade, ou como queiram chamá-lo. A tese principal que eu estou desenvolvendo aqui, é que, bem antes de 68, na verdade, já durante a década de 50, o começo da década de 60, essa ideologia já dispunha da hegemonia intelectual sobre praticamente todo o Ocidente, especialmente França, Estados Unidos e Alemanha. E que portanto, a eclosão dos movimentos de rua não foi, senão, a consequência do Estado de Coisas que já estava patente fazia muito tempo. Eu não posso negar que uma das inspirações desse trabalho, dessa análise que eu estou fazendo, foi aquela mal-fadada entrevista do Zuenir Ventura, dizendo que 68 foi um mistério que, de repente, sem mais nem menos os jovens do mundo inteiro, começaram a fazer isso aqui. O estudo que nós estamos fazendo aqui, ele se refere sobretudo às fontes primeiras, ou fontes remotas do movimento, e, evidentemente, também às fontes mais próximas, que já são autores e formadores de opinião de uma dimensão menor, que são epígonos, que são discípulos, ou são repetidores dessa mensagem que já estava, que se formula, na verdade, de, na verdade, até 1948, 1947, até 1965. E, se esse segundo tipo de formadores de opinião, eu não vou estudar isso aqui, inclui pessoal do show business, atores, atrizes, roqueiros, repórteres de TV, repórter de rádio, jornalistas, etc., etc., tudo isso não vou abordar. Estou abordando só os caras que inventaram os discursos predominantes, discursos que são ideologicamente muito variados, e que só têm um único ponto em comum, a absoluta necessidade da destruição da civilização ocidental e cristã, nisso todos eles convergem. Isso aí vai desde a extrema esquerda maoísta, até o grande par das tradicionalistas, genonianos, shoronianos, e até a extrema direita francesa do Alain de Benoît, no veredorata, como é chamado, todos eles estão de acordo neste ponto. E foi isso realmente, o que sobrou do conjunto, filtrando todas as diferenças, sobra isso aqui. Então, hoje vamos ver o Jacques Derrida, e depois, se ainda houver tempo, eu vou comentar um outro testinho que eu até coloquei no Facebook hoje, sobre a natureza do discurso filosófico. Então, o Jacques Derrida, uma das fontes mais decisivas da Revolução Diversitária, esse termo de Revolução Diversitária é provisório, talvez eu o mude no escrito final, porque eu pretendo publicar isso como um livro. Uma das fontes mais decisivas da Revolução Diversitária, entre as anteriores, a 1968, foi uma das últimas a aparecer. Jacques Derrida estreou em 1966, num Congresso de Filosofia nos Estados Unidos, e no ano seguinte, publicou de uma vez, de uma só vez, três livros que moldariam até hoje a linguagem dominante do movimento. Parola fenomén, fala e fenômeno de la grammatologia, e la écriture et la différence. Fala e fenômeno, da grammatologia, e é escrita a diferença. Pelo resto dos seus dias, repetiria com pequenas variações as tésias aí anunciadas. A mais importante é também a mais simples. Em todo ato de significação, há uma contradição intrínseca, pois implica a ausência da coisa significada substituída nesse ato pelo mero significante. Então, desde os primeiros estudos sobre o fenômeno do signo, sabia que o signo, por um lado, ele representava um objeto e, por outro lado, ele substituía na dimensão da fala. Quer dizer, o signo na fala é um substituto do objeto. Quer dizer, quando você fala, você não pode produzir os objetos. Quer dizer, eu falarei elefante, não produjo elefante, então, ele é, por um lado, ele é representado pela palavra elefante e, por outro lado, é substituído. Então, se é verdade o que ele está dizendo, que o mero ato de tentar significar uma coisa por meio de uma palavra, de qualquer signo, implica a ausência do objeto, essa é a tese dele, note bem, não é a mim. Então, o que acontece é o seguinte, tudo o que conhecemos são diferenças entre signos. Na total ausência das coisas, esse é a consequência que ele tira desse princípio. Aquilo que chamamos mundo ou realidade, objeto da metafísico ocidental milenar, que Derrida chama de ontoteologia, não passa de um imenso discurso circular, composto apenas das diferenças entre signos e ser a menor ligação com coisas, seres e fatos. Ou seja, vivemos no mundo, não pode dizer nem que são mundo e palavras. São mundo só onde existem as diferenças entre palavras. Mais ou menos nesse sentido é que eu diria que o significado de uma palavra é a diferença entre ela e todas as outras. Mesmo aquilo que chamamos de eu, é apenas um signo, pois não existe aquela presença imediata da consciência a si mesma, que forma a base das filosofias de Descartes e Rousseau. Então, Descartes e Rousseau partem de um fenômeno que é a presença imediata da consciência a si mesma, e eu famoso penso logo existir. Quer dizer, se eu estou pensando, então evidentemente eu existo. O Derrida diz que essa presença imediata não existe de maneira alguma, porque nós só pensamos com signos. Ele nega a existência de qualquer consciência pré-verbal da consciência, para ele começar com a linguagem. Então para que você tome consciência de algo é possível que esse algo não esteja mais lá, ou nunca tenha estado. É evidente que isso desmentia de uma só vez. Eu estou notando como eu uso o discurso indireto livre, quer dizer, eu assumo a palavra em nome dele, não fico a ter certeza, Derrida diz que não sei o que, mas eu acho que não. Isso simplesmente não se faz. Isso somente aquela besta quadrada, aquele pássaro aqui em das couves, é que acho que se você não explica tudo direitinho, o que é a ideia do Derrida, o que é a minha, ele fica confuso, coitadinho. Quer dizer, é evidentemente um analfabeto funcional, é professor da PUC, mas isso é uma vergonha, isso é uma vergonha, um jeito tropece numa coisa tão simples quanto o discurso indireto livre. O discurso indireto livre é um dos instrumentos fundamentais de qualquer exposição de ideia, seja em filosofia, seja em história, seja em seres sociais, seja em crítica literária. Na hora que você usa o discurso indireto livre, em vez de usar uma citação ou usar o famoso fulano diz que você está tentando pensar como o autor do qual você está falando. Quer dizer, naquele momento você se identifica com ele, quer dizer, você não está jogando, você está apenas tentando pensar com ele. Ora, 99% da atividade de leitura é tentar pensar como o sujeito que você está lendo, porque não é possível você ler um negócio, você se posicionando contra o favor em cada linha. Quer dizer, claro que o sujeito que entra nessa área, numa conversa desse tipo, com uma formação exclusivamente doutrinal, católica, protestante, induísta, seja log4, ele vai fazer exatamente isso. Quer dizer, ele vai usar toda essa formação para não conseguir ler coisa nenhuma, porque ele jamais pode pensar como os outros, eu imagino que eu não posso pensar como esse sujeito porque é pecado. Então, por exemplo, eu não posso ler Karl Marx, porque a cada linha eu já vou ter que saber se Karl Marx está certo, está errado naquilo que ele está falando, e se combina ou não com a doutrina da igreja. Isso é coisa de idiota, não é possível fazer uma coisa dessa. É evidente que isso desmentia de uma só vez, não só a possibilidade de qualquer conhecimento científico, objetivo, mas até a da consciência subjetiva, com que um filósofo ou um vendedor de rua podem dizer igualmente estou com fome. Se você diz que está com fome, a fome não está presente na sua consciência, claro, ninguém sente fome na consciência, mas este iato, onde a palavra fome substitui para os fis da linguagem, a sensação de fome, e algum negócio que nós vamos estudar, que é a progressão de difereção ou adiamento, para ele é a prova de que há uma contradição, uma contradição é que quando você fala de uma coisa ela está ausente, sempre ausente, então na verdade você só está dizendo signos, e como signo não significa nada, em relação a coisa ele não significa coisa nenhuma, e no entanto ele é distinto de outro signo, tudo que você está dizendo são diferenças entre signos. Entre o sentir fome e o dizê-lo, só este é um ato de consciência, quer dizer só dizer que tem fome e ato de consciência, o sentir fome não é um ato de consciência, e este ato consiste em pensamento, não em sensação de fome, mas até do que algumas ideias da escola de francos, essas parecem gozação, ninguém chama pelo nome um cachorro sabidamente ausente, quer dizer, se eu sei que o Big Mac não está na esquina, eu não vou lá na esquina chamá-lo, eu chamo quando ele está, pode ouvir, ou então faço fazê-lo por engano, eu penso que ele está ali, e por isso eu chamo, e ele não atende, daí eu percebo que ele não está ali, nem uso o pronome você para falar com alguém que não está ali, já fez isso alguma vez? O sujeito não está ali e você está tratando ele de você, e a pessoa que está na sua frente está tratando ele, alguém faz isso? Ninguém faz, portanto, basta essa pequena observação para ver que a premissa está monstruosamente errada, algumas vezes o objeto referido no signo está ausente, outras vezes não, agora de algum modo ele tende a estar presente, a consciência pelo menos você está pensando nele, muito menos uma placa de cuidado ursos, significa jamais que nenhum urso existisse no local, mas na hora que ele lê a placa, cuidado urso, isso quer dizer que não tem urso nenhum ali, isso é tão absurdo que não deveria ser nem começar a discutir, ademas, se nada está presente à consciência, exceto diferenças, o próprio signo também não pode estar presente, exceto pela diferença que o separa de outros signos, e de outro, e de outro, e de outro assim por diante, indefinidamente, exceto pela diferença que você para de outros signos, e não pelo objeto da ação que ele designa, você pensar no signo é uma ação evidentemente, então pergunte, esta ação está presente à consciência ou não? O objeto do qual você fala não está presente, muito bem, pelo menos o signo está presente, ele também não pode estar, porque se você pensa nele enquanto o signo, acabou, ele não está mais ali, então eu digo cachorro, cachorro está ausente, ah, a palavra cachorro, essa também está ausente, isso quer dizer que quando você pede meio quilo de linguiça na mercearia, você não está se referindo à linguiça nenhuma, mas a diferença que separa o signo, linguiça dos signos alcatra, bacalhau, feijão, ervilha, e de todos os demais signos do idioma, incluindo o signo jaque de lidar. Uma das funções essenciais do signo, não entendo apesar disso, é precisamente assinalar a diferença entre o presente e o ausente, exceto no caso do gato Félix, que quando pensava a forma escrita de uma palavra, a coisa referida surgir instantaneamente das letras que acompanham. Também é claro que, se a palavra gato implica ausência do gato, as palavras presente e ausente não podem significar se não é diferença entre elas, e não entre um objeto de experiência atual e a falta dele, isso é um ponto central. O que significa o conceito de presente e ausente, se o objeto do signo, ou seja, o seu significado e mais ainda o seu referente, estão necessariamente ausentes. Se eles também estão sempre ausentes, então o presente e o ausente também estão ausentes. Está presente somente as palavras correspondentes. Quando nós falamos presente e ausente, nós queremos dizer a diferença entre um objeto de experiência atual e a falta do objeto de experiência atual. Eu estou falando de elefante, aqui não tem elefante nenhum, então tem uma ausência. Mas, no discurso do derrida, as palavras presente e ausente não podem significar isto. Elas só podem significar a diferença entre elas, mas essa diferença não reflete a diferença real entre a presença atual do objeto e a sua falta. Por quê? Porque esta é um significado, está fora do signo. Então isso também não pode estar presente à nossa consciência. É o mesmo que acontece com a palavra diferença. O derrida mostra uma total revolta contra essa metafísica binária, que é baseada no sujeito, objeto, identidade e diferença. Você tem que acabar com isso. Eu digo como você vai acabar? Por exemplo, essa frase que você acabou de dizer, ela é igual ou é diferente dela mesmo? É uma coisa absolutamente informulável. Para reforçar um pouco mais a teoria, se é que chega a ser uma, e ele mesmo vai dizer que não é nem sequer uma teoria, o derrida pela conceito de diferença com a, que é conceito de diferença com e. Diferência com e quer dizer diferença. Diferência com a corresponde ao português difereção, que quer dizer adiamento, protelação, hiato, intervalo. Entre o momento em que uma coisa se apresenta à consciência e àquele em que tomamos consciência dele, como no Kogit Uergusum de Descartes, Descartes primeiro pensa, depois percebe que está pensando e que se ele está pensando ele existe, transcorre algum tempo um intervalo. Isso é o mesmo assinal de no livro, isso é o Descartes. Isso quer dizer, segundo o derrida, que nunca tomamos consciência de algo presente, só da sua representação retida na memória. Pouco importa que esse algo seja um elefante, o incêndio ou o nosso próprio eu. Descartes diz, ele não pode pensar e pensar que pensa ao mesmo tempo. Primeiro ele pensa, daí ele tem a representação mental de que pensou e daí ele reflete sobre essa representação mental que ele reteve na memória. Note bem, o que ele reteve na memória não foi a experiência de pensar, foi o signo dela. Mas de qualquer modo tem que ser retido na memória, senão não dá para dizer nada a respeito. Isso resulta em afirmar, como o derrida realmente afirma, que não existe consciência pré-verbal. Isso resulta em dizer que todo mundo da percepção é inconsciente. Só torna o consenor que você formula verbalmente. O que torna praticamente inexplicável o próprio aprendizado da linguagem. O fenômeno da difereção existe. Santo Agostinho já o havia estudado e eu mesmo apeliei a ele no meu estudo sobre Descartes. Mas além de não ser novidade nenhuma, é patente que ele não pode nem reduzir a consciência, a reflexão posterior sobre os dados imediatos, nem muito menos abolir a consciência imediata de uma presença ao fato, sem a qual a linguagem em seguida só poderia falar de dados dos quais não tem consciência nenhuma. Ora, se a consciência é absolutamente verbal, e não há uma consciência não-verbal, qualquer objeto não-verbal ou ato não-verbal não tem como ser conservado na memória, já que você não tem consciência dele, ele é totalmente inconsciente. E assim essa linguagem não poderia nem falar sobre si própria. Pois afinal, ou as palavras que dizemos e pensamos estão presentes à nossa consciência de modo imediato, ou então tudo seria a reflexão da reflexão da reflexão e assim por diante infinitamente, e nem mesmo essa regressão infinita poderia jamais estar presente à nossa consciência. Pior, longe de provar a inconexão entre signo e coisa, a difereção sugere exatamente o oposto. Imagine um artista desenhando uma árvore do natural. Quando ele está olhando a árvore, não está traçando linhas no papel. Quando ele está traçando, não está olhando a árvore. Só para você fazer a experiência, aqui eu estou desenhando a... olha a árvore, não estou traçando, não vou desenhar sem olhar. Agora eu volto a traçar, estou olhando o papel e não a árvore. Isto é um exemplo perfeito do Iato assinalado por Derrida entre representação e presença, a difereção. Um artista não desenha a árvore, mas a representação que faz dela na imaginação e que ele conserva na memória. Eis a diferença com a difereção. No entanto, o artista não poderia continuar desenhando a árvore se essa representação não fosse estável ou suficiente para permanecer dentro dos olhos da sua consciência quando ele traça as linhas no papel. Olha a árvore, crie um signo dela, uma representação. Daí eu vou voltar a desenhar, só que daí eu já esqueci a representação. Isso torna impossível desenhar. Portanto, se ele consegue desenhar, a imagem que ele tem na memória, porque essa imagem se conserva na memória, tempo suficiente pelo menos para ele imitar ela no papel. Só um problema, estável por quanto tempo? Ninguém consegue manter uma imagem mental na memória por mais de alguns segundos. Então o que faz o artista? Olha de novo para a árvore. Para a mesma árvore que estava ali antes e que ele representou esquematicamente na sua imaginação. Mas como pode ele saber que é a mesma árvore? Só por um motivo, porque ela confere esquematicamente com a representação. Então ele conservou a representação na memória. Olha para a árvore ver que as duas são esquematicamente a mesma. Mas como ele sabe que confere? É porque a representação também se conservou esquematicamente a mesma. Se a imagem que eu guardo na memória mudou completamente, eu olho de novo a mesma árvore e falo, não é a mesma coisa, então tem que começar o desenho de novo. É porque a representação também se conservou esquematicamente a mesma. Ora, até uma criança sabe que os objetos corporais do mundo exterior são mais estáveis e duradouros do que qualquer imagem na memória. A estabilidade da representação depende inteiramente da qual a árvore conserve essa propriedade de maneira mais duradoura do que a sua representação. Mesmo que a árvore fosse evanescente, mudando de forma a cada instante, desaparecendo e aparecendo de novo, alterada, ela não poderia fazê-lo com a velocidade com que a memória altera e dissolve a imagem. Ou seja, o mundo exterior teria que ser uma fantasia fluida que muda mais velozmente do que as imagens da minha memória e a imagem de sonho. O artista corrige a imagem mental pela árvore e não a árvore pela imagem mental. A difereção não prova que o signo não tem objeto, prova que sem objeto ele não é nada, ela não é nada, o signo é nada. Do mesmo modo, entre a percepção sensível de uma presença e a tomada de consciência verbalizada que a afirma, a consciência verbal retorna à percepção sensível e se corrige ou se reafirma por ela, em vez de alterá-la e remoldá-la a sua própria imagem semelhança. Quer dizer, você volta aos dados e o que você faz? O dado não está de acordo com a sua representação, então você muda o dado? Não, você faz o contrário, você muda a sua representação para que confira com o dado. Quando Descartes diz que a proposição penso logo existo, logo existo, é verdadeira todas as vezes que ele pensa e ele desista, essa proposição é verdadeira todas as vezes em que a penso. Ele está afirmando claramente que esse ato de consciência pode ser repetido e confirmado, um número ilimitado de vezes pela experiência de pensar, pela presença de um pensamento que não pode pensar sem estar presente. Quer dizer, ele retorna à mesma experiência e eventualmente corrige a sua representação pela experiência. Sem experiência que o instaura, o signo é nada. Cavarro e ato entre signo e presença não abolha a presença, abolha o signo. Quer dizer, eu estou aqui dizendo que a arma não tem árvore nenhuma. Quer dizer, mas o signo não se refere à árvore, então ele não se refere a nada. Então o que sumiu aí? A coisa? Não, sumiu o signo. Se o leitor siente que a tentativa de inverter esse nexo indestrutível, se parece menos com uma filosofia do que com um sistema daquilo que a linguagem popular no Brasil chama de pegadinhas, seria o último a discordar. Um sistema de pegadinhas destinado a complicar e paralisar o pensamento, introduzindo nele dúvidas e perplexidades, não apenas inúteis e imbecilizantes, como barbaramente forçadas. Que no curso dessa operação, muitos detalhes, talvez relevantes, que nos haviam passado despercebidos, subam a nossa consciência de que em algum lugar na reflexão, é algo que não se pode negar, o que acontece inevitavelmente quando se muda o ângulo de visão. Toda vez que você decide examinar com o impulso de um outro lado, nem com esse lateral absurdo, alguma novidade, alguma outra questão aparece. Surgem novos problemas, novas dificuldades e novos insights. Chama-se a isso em enriquecer o debate. Mas para quem enriquecer o debate, se no fim das contas tudo não passará de uma pletória de diferenças entre signos, sem nenhum alcance sobre o objeto em debate. Então, de fato, se vai enriquecendo, se surgem milhares de questões e ângulos, insights, etc., aqui não tem nada a ver com o problema, e nem com o problema nenhum, na verdade. O poder estimulante que seus instituiastas enxergam no desconstrucionismo consiste apenas em fornecer à profissão universitária infinitos pretesos para encher linguista em tese e congresso acadêmico. Então, nos anos 70, apareceu um sujeito, um autor americano chamado Edward de Bono, e ele escreveu um livro chamado Pensamento Lateral. Pensamento Lateral consiste em você examinar as coisas sobre ângulos quaisquer. Mais tarde, o Titek chamaria a isso paralaxi. Tanto que ele escreveu o artigo de Zenoar, o que ele está chamando de paralaxi, não tem nada a ver com o que eu estou chamando, é uma coincidência de palavra apenas. E a paralaxi consiste em exatamente examinar quaisquer problemas por ângulos que não tem nada a ver com ele. E eu até sugeri um exemplo, eu vou dizer, de aqui as práticas místicas do mosteiro e a conta de telefone do mosteiro. O Titek pode examinar esse problema, vê qual é a relação, ele não vai encontrar a relação nenhum, mas no meio do exame, vai surgir mil questões, evidentemente. E vai dizer que isso enriqueceu o debate. Sim, enriqueceu o debate com questões que não tem nada a ver com aquilo, e que provavelmente não tem nada a ver com nada. Mas se perguntamos para que, afinal, alguém iria querer construir uma geringonça dessas, uma máquina de atrapalhar, o plano perfeitamente racional por trás da loucura aparece com uma clareza sem par. Por que ele fez isso? Com seu método, já que Derrida pretendia, no rastro do seu mestre, Martin Heidegger, desmantelar toda a ontoteologia ocidental, toda a tradição de conhecimento que vem de Platão Aristótese até a Ciência Moderna. E não resta a dúvida de que quem quer que admite os princípios desse método terminará na negação absoluta de todo o conhecimento, exceto por especial favor e não por alguma razão plausível, ou da linguagem. Então, o único conhecimento que nós temos é da linguagem, porque tudo é apenas linguagem. Fora dela não existe absolutamente nada e tudo o que nós conhecemos é no discurso circular. Os homens estão presos no reino da linguagem, fora da qual nada existe e sobre o qual impera soberano o desconstrutor do universo, já que Derrida é uma pessoa. Com toda pegadinha, o desconstrucionismo contém em si os anticorpos que o protegem contra toda objeção ou análise lógica. O que quer que você diga, o desconstrucionista responderá que não passa de um punhado de diferenças sem correspondência com nenhum objeto do mundo real. Portanto, o que você está dizendo sobre o desconstrucionismo, também não tem nada a ver com o desconstrucionismo, porque não passa de uma série de diferenças entre signos. Se você argumenta que esse handicap se aplica também ao próprio desconstrucionismo, achando que com isso você vai ganhar discussão, ele não hesitará em concordar gentilmente, admitindo que tudo que se diz o desconstrucionismo contra o a favor são apenas diferenças entre signos, sem nenhuma ligação com o desconstrucionismo enquanto fenômeno ou enquanto conteúdo de consciência. Como o cavaleiro negro do Monte Python, o desconstrucionista pode ser retalhado em pedaços pela nazi lógica, sem deixar de ver nisso o triunfo de uma teoria que ele próprio exemplifica tão bem. Presta bem atenção, tudo que você disse de mim são apenas diferenças entre signos. E o que eu disser de mim é a favor de mim, também são diferenças entre signos. Pois não adianta você querer voltar o desconstrucionismo contra ele mesmo. Você é desconstruído o desconstrucionismo? Olha, você fala a favor do desconstrucionismo, não diz nada, além de diferenças entre signos. Contra ele, também não. Constatar que isso acontece, também não. O crítico literário Harvey Young diz que não se espanta de que derrida desde sua estreia em 1966. Até sua morte em 2004, de voltar a se escrever sempre o mesmo livro. Pois afinal, que outra possibilidade teria uma filosofia currida e não dizer nada. Porque não fia a conclusão final de derrida isso? Ninguém está dizendo nada e eu também não. Nada sobre nada, só diferenças entre signos. Já observei muitas vezes que, enquanto os filósofos antigos e médias constroem edifícios ricos de sentido, nos quais se destaco alguns erros ou absurdidades menores, os modernos, a partir de Beco e Descartes, fazem exatamente o oposto. No meio de projetos de conjunto, notavelmente absurdos ou inviáveis, semeiam observações de detalhes muito valiosas, que muitas vezes servem para dar credibilidade ao restante. Porém, o Jacques de Vendal não é uma besta, ele pode escrever um estudo sensado, são poucas coisas como ele, de fato, escreveu vários. Ninguém negaria a valor de seus estudos o Platão e malarmê ou das suas críticas ao iluminismo. São morçou de bravo, quer dizer, demonstrações de força, espalhadas no meio de um espetáculo idiota, diante do qual seja irresistível recordar a piada do cartonista Jaguar. O filme é uma droga, mas o diretor é um gênio. O desconstrucionismo é verdade, recebeu muitas críticas de marxistas da velha escola. Acusavam-no de formalismo do pecado original do pensamento burguês. O pensamento burguês, segundo o marxista, se caracteriza pela separação entre forma e matéria, sujeito e objeto, etc. Ou seja, você vai separar a forma por abstração mental, e em seguida, você vai tratar a forma como se ela existisse substancialmente, o que é uma crítica perfeitamente fundada. Mas a consciência revolucionada já que derrida não se deixou abalar por isso. Por que se preocupar com uma infidelidade e detalhe, quando seu autor havia acabado de criar o melhor instrumento já concebido para realizar o programa epistemológico inicial de Karl Marx às práticas radical de tudo quanto existe? Se eu faço a crítica de tudo quanto existe, em seguida confesso. Eu não estou dizendo absolutamente nada. Se nada resiste à corrosão desconstrucionista, nem mesmo o próprio desconstrucionismo, todo o problema que restava era a preocupação de selecionar cuidadosamente os alvos da operação, velando para que ela atingisse somente os valores e crenças odiados pelo movimento revolucionário, poupando ao mesmo tempo de sofrer um ventilhame semelhante. Assim, por exemplo, pode ser... Não tem um jeito de calar a boca desse bicho, não. Dá lá uma bronca nele. Pelo amor nem pitinho. Tem um bicho aí preso, está dando palpite na minha aula e gostando muito dele, mas até lá. Aí isso também já é abuso. Pois é, mas ele pensando bem não está dando nada, mas é que são apenas diferenças entre signos. Bom, eu tenho que continuar aqui. Assim, por exemplo, pode se desconstruir a diferença entre os sexos, como os caras fazem hoje, atribuindo ao legado maldito de uma beta-física binária, mas todas as precauções serão tomadas para evitar a desconstrução da ideologia de gênero. Agora, se você desconstruir ideologia de gênero usando este método, existem outras maneiras de desconstruir, inclusive não podemos apalar o desconstruir metaforicamente para fazer uma outra coisa. Mas se você desconstruir a ideologia de gênero pelo método derridar, o resultado é o quê? Nada. Quer dizer, a desconstrução dos sexos não disse nada. E a desconstrução da ideologia de gênero por esse método também não dirá nada. Me diz, se não tomar para evitar a desconstrução da ideologia de gênero, que por sua substância de mera manobra oportunista se ofrece muito mais convidativamente a ser dissolvida pelo vitriolo desconstrucionista. Se os francofortianos e António Gramsci delinearam a estratégia geral da revolução diversitária, Jacques Derridar construiu o seu mais eficiente armamento tático, pouco se importando de que se voltasse também contra si mesmo, já que a destruição da destruição pode sempre ser destruída por sua vez. E assim por diante indefinidamente, até que o universo inteiro se resume um deserto, um decor a voz solitária do mestre de desconstrucionista bradando aos quatro ventos que não está dizendo absolutamente nada. Isso foi tudo. Agora, como no meio desse projeto absolutamente insensado, o solito às vezes diz uma coisa sensada, outra coisa até valiosa, isso serve para dar credibilidade ao conjunto. Isso é característico de quase toda a filosofia muscular, quase toda ela tem esse problema. São projetos insensados, mas se você pega o reggae, acho que a crítica é que o Eric Veugler fez ao reggae, está certíssimo, isso não é filosofia, isso é macumba. Mas no meio da macumba tem análise brilhante sobre a arquitetura medieval, sobre o senhor e o escravo, sobre a América do Sul, sobre a América, nossa, tem tantas intuições fabulosas, só que elas estão dentro do edifício maluco. Olha, se você pegar uma pintura do Escher, você vai ver o conjunto e não faz o menor sentido. A escada que sobe quando ela chega no topo, ela está no primeiro degrau de novo. É claro que não faz sentido, mas os detalhes estão desenhados com uma precisão extrema. Claro que não faz sentido, isso é o seguinte, isso é a inteligência ser vida burrice, é o que o cara faz. Então, no conjunto, isso não é filosofia, isso não é uma teoria, aliás, ele não faz questão de dizer que é uma teoria, que é uma filosofia, ele vai dizer que é uma proposta. Ora, proposta é o seguinte, você pode aceitar ou não aceitar. A resposta é sim, faz não, não quero. Então, todo o poder do desconstrucionismo é o poder de uma proposta. É como o sujeito convida a garota para Ipaquama, ela fala, não, não quero, acabou. Nós também não somos obrigados aí para a Ipaquama, com derrida. Agora, o número de pessoas que se ocupa disso, o número de quantidades de verbas universitárias que são colocadas para trabalhos desse tipo, então, tudo isso cria um prestígio, uma autoridade, e isso tem um poder intimidatório em cima das pessoas, ela não pode recusar a proposta porque pegaria mal. É só isso, vamos dizer, isso é uma pegadinha na qual você só entra se você quiser, porque depois de você estudar toda essa pocaria, e você vê que no fim ele diz, não, isso não é uma teoria, isso é uma proposta de porque você não avisou no começo. Uma teoria tem que ter algum valor coercitivo, por assim dizer, tem que ter alguma credibilidade, tem que ter a pretender ser uma verdade, pelo menos ainda que você era mentir, e pela sua pretensão de verdade você lhe dá atenção, mas é apenas uma proposta, então, é a proposta do que? De uma brincadeira, vamos brincar de tal coisa, né? Então, é aquele negócio de Gugu com o priminho, vira hobby porque eu quero brincar de Batman, você não quer, não, não quer, acabou a brincadeira. Então, no fim é isso, quer dizer, a coisa tem toda, a aparência de uma brincadeira diabólica, não de um grande diabo, um diabo pequenininho, que te mantém ali, como já amarma, lata no rabo do cachorro, o cachorro fica dando em volta, só que nós não somos cachoros, nós temos poderes de desamarrar a lata, qualquer momento, então, não é para assustar com o Jack Dadeira, a complicação do estilo dele, é feita para que você não perceba que é apenas uma proposta, como proposta é perfeitamente defensável, posso propor qualquer coisa, posso propor um jogo de baseball, um passeio, uma viagem, qualquer coisa, mas se é uma proposta, então, aquele que recebe está inteiramente livre para aceitá-lo ou não, então, a única resposta para o desgrastrução é essa, não, e toda vez que alguém começar a usar esse alimpo, você dizia, não, você não vai brincar disso aqui, só que isso pegou formidavelmente, porque? Porque é a única maneira de você articular tantas coisas heterogêneas, tantas propostas ideológicas heterogêneas num único movimento político, por isso que ele criou a arma tática, quer dizer, o desconstrucionismo é usado não para demolir qualquer ideia, ideologia, teoria, etc., mas para confundi-la, confundi-la porque entre um momento que você lê uma coisa e um momento que você disse sim ou não, ele vai intercalar tantos problemas e tantas dificuldades que você nunca chega lá, é um truque que eu já vi, um moleque de 12 anos usando, só tem os seguintes, e você quer estudar filosofia? Você primeiro tem que decidir, aprender a decidir, se um determinado problema é um problema filosófico ou não, e isso aqui não chega sequer a ser um problema lógico, um problema lógico, ele tem que existir realmente na estrutura do discurso, quer dizer, uma dificuldade real que aparece, e não apenas uma pegadinha, a pegadinha como nem aquela história do Paradoxo do Cretência, o sujeito de Cretas diz assim, todos os Cretenses são mentirosos, então é claro que essa frase tem um duplo sentido, ele pode estar querendo dizer, todos são mentirosos inclusive de eu, e portanto quer dizer que nem todos são mentirosos, pode haver algum mentiroso e outro não, mas eu estou querendo dizer, quando eu digo todos, eu estou querendo dizer nem todos, e por outro lado aquilo pode ser uma mentira por simples, porque não é um duplo sentido, então outro é um duplo sentido ou é mentira, e assim por diante, quer dizer, aí você vai criar, é uma verdade, é um falso Paradoxo que só existe na escala verbal, mais ou menos como um negócio do gato Félix, é impressionante que a pessoa gasta em tempo com isso, agora eu pergunto por exemplo, muito bem, vamos aceitar sua proposta, e agora nós vamos aplicar ela a aritmética elementar, se funciona deve funcionar na aritmética elementar, então você vai abolir, você não quer metafísica binária, então vai ser uma aritmética sem identidade nem diferença, ter o que no lugar dela, quer dizer, o primeiro passo da aritmética elementar está frustrado, não pode ir para frente, se não existe aritmética elementar, isso significa que toda a tecnologia estão erradas, nada absolutamente funciona, só a linguagem do Jacques de Aida, isso é viável, é uma hipótese que nós devemos pensar, não, isso não é um problema filosófico, isso é realmente uma pegadinha, toda a argumentação do movimento diversitar é composta disso, e eu acho engraçado que algumas pessoas dizem que não, essa argumentação é sofísica, eu falo mas isso não é sofisma, essa é uma coisa muito mais elementar e está muito mais baixa do que o sofismo, isso é uma pegadinha, o sofismo é por exemplo uma conclusão errada de premissas falsas, ou é uma premissa falsa vendida como verdadeira, ou seja, é alguma dificuldade lógica real, mas aqui não há dificuldade lógica, o sofismo eles aparecem no meio do discurso, porque você por assim dizer tropeçou, ou o sujeito montou uma armadilha lógica para você a cair ali, isso aqui é uma pegadinha que não está na estrutura do discurso, não está no tecido do discurso, está lá no começo, é uma pegadinha assim, vamos fingir que nós não estamos dizendo nada, não sei, é realmente uma brincadeira, uma fantasia, agora, em contraste com isso, por isso que eu botei esse testinho até no Facebook, está lá para todo mundo, não fica só para os alunos, o discurso do Filonjo é por esse excelência o discurso dialético, isso aí, toda a filosofia tem esta estrutura, até quando você vê o sujeito que escreve em aforismos, como Nietzsche por exemplo, ou os preciocráticos, Heráclito, Parmenes, todos eles estão fazendo o discurso dialético, ainda que não pareça, porque eles estão sempre confrontando com alguma coisa, se não há duas possibilidades, não tem dialética, não é isso? Mas que é o discurso dialético, se não a passagem trabalhosa, problemática, não tem a realidade entre o verocímio e o idealmente verdadeiro, se você aceita o verocímio como tal, com a boa dialética, portanto, não tem filosofia nenhuma, você não vai analisar aquelas crenças que você aceita na primeira, sem dúvida, sem discussão, aceita passivamente, não são objetos de investigação filosófica, ao menos para você, para que surge a investigação filosófica, você tem dois hipóteses, por exemplo, o Lula é culpado ou não, se a culpa do Lula fosse uma premissa fundante absolutamente irrefutável, não teria discussão nenhuma, então tem que ter duas hipóteses. Então, você vê que num julgamento, se a polícia não promotou uma advogada de acusação e um de defesa, se aparecer dois advogadas de acusação, acabou o problema. O que faz o filósofo, se não brassejar num oceano de aparências e hipóteses em busca de um porto seguro, cuja existência não é jamais garantida de ante-mão? Não é porque eu coloquei um problema que tenho certeza de encontrar solução, ou que a solução exista, não é jamais garantida de ante-mão, nem prometida como recompensa de algum mérito incontestável, quer dizer, não é porque eu fiz bastante força que está garantido que eu vou encontrar solução. Santo Tomás de Aquina, após colocar cada questão, começa a investigação das respostas sugerindo um, parece que, todo parágrafo novo da Summa Theologa tem isso, tal coisa é assim o assado, parece que é assim, mas parece que é assado por aquilo de, então está em montado o problema com duas ou mais alternativas. Coloco sugerindo um, parece que, confrontando com outras várias aparências alternativas, conflitantes ou opostas, não há outro método, simplesmente nunca existiu e não vai existir outro método da filosofia, se não esse. Aliás, também não existe outro método da ciência, a dialética da Aristóteles é o método científico, ela é todo o método científico. A gente dizia, ah, mas e assim experimental, a partir do momento que a experiência, não a experiência comum, a corrente, que essa Aristóteles também usava, mas a experiência científico montada em laboratório, ela é um fornecedor de novas premissas, está certo? E portanto, fornecedor de novas hipóteses, então o método não mudou a técnica, material, quer dizer, onde você busca as premissas. Não há outro método, mas notem bem, não se trata de aparências quaisquer, inventadas na hora, ou colhidas da boca do primeiro Zemané, que se conceda como todos se concedem, o direito a uma opinião sobre o que só conhece de orelhada ser tanto, não é qual, quaisquer opiniões. São hipóteses longamente investigadas, trabalhadas pelos melhores cérebros, sábios e santos de várias épocas e lugares, as quais chegam ao filósofo em desordem, até o legado histórico da discussão, e que ele compara, classifique e ordena para poder dar à questão um salto qualitativo, se isso é uma expressão marxista, mais válida, em busca de uma visão superior e abrangente, e ser possível de uma solução. Então, o Raibonde Abelho, no livro Estrutura Absoluta, o que é que nós pensamos do Abelho? Ele tem algumas ideias fantásticas, ver? Ele diz que essas hipóteses vão se acumulando até chegar a um nível de contradição intolerável. Só quando chega aí, você começa a vislumbrar uma nova união de articular questão, e daí, talvez, encontra solução. Sem essa acumulação preliminar de hipóteses intelectualmente relevantes e racionalmente defensáveis, este aqui é o ponto, intelectualmente relevante. Qual é a relevância intelectual do Desconstrução do Raqdeida? Nenhum. Ele não disse. Agora, uma proposta intelectualmente relevante pode sugerir, acabar sugerindo, novos ângulos, novas perguntas, etc. Aquele famoso negócio, a influência das barbatanas de tubarão nas maréças. Ou então assim, o negócio do Abelho também. Quando eu mexo o braço, eu estou modificando o universo, é fácil você lembrar que esta pergunta é insolúvel, porque você vai entrar nos infinites e mais do live. Então, essa conta nunca vai terminar e você nunca vai obter resposta. Você pode dizer que sim, pode dizer que não. Então, em primeiro lugar, é necessário mostrar que as hipóteses levantadas são intelectualmente relevantes e racionalmente defensáveis. E que, confrontadas, elas formam um problema. Se não, não. Se não, não ao que discutir. Sem essa acumulação preliminar de hipóteses intelectualmente relevantes e racionalmente defensáveis, a investigação dialética se perderia no vazio, numa congeturação arbitrária de aparências improvisadas, não podendo lhes acrescentar no fim, se não mais uma de igual valor. Quer dizer, você terminar sua discussão com mais uma congetura de valor nenhum. Como terminará a discussão desse arco, movendo o meu braço? O Budino está cheio disso, chamamos Cones. A borboleta bateu a asasinha e mudou o universo inteiro, ou não mudou nada. É aquele negócio. Eu estou sonhando que sou a borboleta, ou sou a borboleta que está sonhando que sou eu. As duas coisas são possíveis, evidentemente, no plano do sonho. Porque para resolver o problema, seria possível que você chamasse a borboleta depois de terminar do sonho e perguntasse para ela. Foi eu que sonhei com você, foi você que sonhou comigo. Isso não é possível porque tão logo você chama a borboleta. E logo termina o sonho, o problema se desfez. Não é que ele foi resolvido, ele se desfez. Porque ele não era um problema, ele era um negócio tipo gato félix. É uma montagem de palavras que parece uma contradição real. Isso é outra prática, essa pessoa tem que desenvolver. Quando aparece uma contradição, eu estou diante de uma contradição lógica real. Eu estou diante de uma contradição ontológica, de um conflito real de aparência. Eu estou vendo coisas que parecem se desmentir. Por exemplo, você sabe que o sujeito está no outro estado e você está vendo ele na sua frente. Isso não é uma contradição lógica, uma contradição real, e tem fatos ocorridos na hora do espaço. E, finalmente, o que é apenas uma pegadinha ou uma operação tipo gato félix? Só para aprender isso, você leva alguns anos. E digam uma coisa para você. Todos os opinadores públicos que eu conheço do Brasil, nem um sabe fazer essa distinção. Você que faz uma pegadinha tipo gato félix, o nego entra naquilo, cai, e continue discutindo aqui nesses termos. Esse é um desastre intelectual fora do comum. Eis porque, veritas filha tempores, a verdade é filha do tempo. E nenhuma discussão vale a pena se não precedida do levantamento do estado dos questões, o estado da questão. O repertório dizia Aristóteles, não de opiniões quaisquer, mas de opiniões dos sábios. Quer dizer, se depois de examinar do problema um chegou a uma conclusão, outro chegou a outra conclusão completamente oposta, aí você tem um problema. Mas de nada valerá o esforço de buscá-las e organizá-las, se tais opiniões forem lidas apenas como argumentos, como articulações mais ou menos engenhosas de razões e motivos, e não como aspectos perfeitamente reais do próprio objeto. Porque é isso aí, o pessoal acha que ensinar argumento é ensinar filosofia. Aqui nos Estados Unidos é endêmico. Filosofia se transformou nos Estados Unidos em forma de entretenimento. Como se reuniam os amigos. O que você acha? Existe determinismo oliverbito, daí um dá um palpito, outro dá outro, e eles ficam ali discutidas. Claro que nunca chega a uma conclusão. Por quê? Você está lidando com argumentos e não com problemas reais. Se você espremer mesmo as palavras determinismo oliverbito, você vai dizer que vai ver que elas realmente, elas caem na classificação do derridar, elas são apenas diferentes entre signos. Porque não corresponde a nenhuma experiência verificável. Há nada que exista na nossa vida real. Qualquer fenômeno que você observa o mais simples que ser da ordem humana, você encontrará certos aspectos que você chama de determinismo, certos aspectos que você chama de oliverbito. Mas não quer dizer que o determinismo oliverbito em si mesmo existam. São duas maneiras de você medir a coisa. Quando você mede as coisas pela sua semelhança com outras coisas, um fato pela sua semelhança com outros fatos, você pode chegar ao determinismo. E quando você mede pelas suas diferenças radicais e inelimináveis, você chega no oliverbito. Ou seja, são dois ângulos pelo qual você olhou e não dois problemas, não duas leis cósmicas. Está entendendo? De nada valerá o esforço de buscar as organizadas, e tais opiniões não forem lidas apenas com argumentos, articulações mais ou menos engenhosas, derrações e motivos, e não como aspectos perfeitamente reais do próprio objeto em questão. Um objeto, um fato, ele mostra por si mesmo alguma característica de determinismo oliverbito? Não. É você que olha por aqui, olha por ali. Portanto, você está confundindo o que é um fato ou o que é aquilo que a sua mente projetou em cima. Você inventou duas explicações metafísicas, e você as aplica sob o objeto. E ele, por si mesmo, não mostra nenhuma coisa nem outra. Tal coisa. Tinha que acontecer ou aconteceu porque aconteceu? Ora, o fato só fez uma coisa, ele aconteceu. Ele nem aconteceu porque tinha que acontecer e nem aconteceu gratuitamente. Isso é tudo que você sabe que ele aconteceu. Daí você inventa hipóteses e quem injeta as hipóteses no próprio fato. Quando elas não fazem parte do fato, elas fazem parte da sua abordagem. E não como aspectos perfeitamente reais do próprio objeto em questão, que mostra esta ou aquela aparência conforme o lado deste ângulo daquele outro, ou a idade do terceiro ou o quarto. Como dizia o RTHC, é só levando a sérios aspectos que se pode chegar um dia a coisa inteira. Uma confrontação de opiniões não serve para nada, se não é ao mesmo tempo, inseparávelmente, um longo exame e reconstituição mental do objeto mesmo. Eis porque, dizia Láminas, que concordava com tudo quanto lia. Lórico, ele não concordava com isso, porque estava lendo? Não formava as aparências hipóteses que ele ia trabalhar depois. Ou seja, quando terminasse a leitura, ele não tinha nada. Ou seja, quando você lê algo que tem valor, a primeira atitude a fazer é concordar, que é tentar pensar daquela maneira, a ver se aquilo é possível. Eis porque, dizia Láminas, que concordava com tudo quanto lia. E é porque os que posam de defensores da verdade, sem jamais ter lá buscado, e que criem conhecê-la tão somente porque receberam pronta de alguma cátida ou de um púbito, eram sempre. Ainda que partindo de premissas fundadas por Deus em pessoa. Se você partiu de dez mandamentos para resolver apenas confrontos de argumentos, você vai errar sempre. Não porque os dez mandamentos não se referem a argumentos, se referem a coisa reais, a atos humanos reais. Então não adianta você. Aí eu tenho aqui a Doutrina Sácaras, muito bem você tem a Doutrina Sácaras, mas do que que você está falando? De um confronto de argumentos? Então esse Mero confronto de argumentos não tem absolutamente nada a ver com a Doutrina Sácaras. Porque a Doutrina Sácaras não foi feita para fins de exercício de lógica. Ela foi feita para regular a conduta no mundo real. Dissinção entre problemas lógicos, problemas pseudo-lógicos, que parecem ser problemas lógicos, mas não são, porque já estão resolvidos, e meras pegadinhas e problemas reais. Isso é o cerne da atividade filosófica. Os grandes filósofos se distinguem por causa disso. Você percebe que, quando você lê Nietzsche, por exemplo, você vê, não, esse cara, ele não escreve filosóficamente, ele só escreve aforismos, ele não faz uma demonstração, etc. Mas ele tem um tirocino filosófico fora do comum, porque ele percebe problemas reais, problemas que doem na nossa carne. Não são apenas jogos de argumentos. Então, às vezes, ele não resolve o problema, mas o fato de tê-los percebido é alguma coisa, não é? Do mesmo modo que você lê Nicolás Berdev, Berdev tem um estilo, eu não sei se ele se inspirou em Nietzsche, mas onde ele tirou isso? Ele nunca argumenta. Ele somente afirma o que ele está vendo. Pá, pá, pá, pá, pá, um do que o outro. Bom, você pode problematizar aquilo, argumentativamente, isso quer dizer que há uma argumentação que pode ser desenvolvida a partir dali. Mas isso prova que o essencial na filosofia não é o argumento, é o exame de elétrico de hipóteses. Hipóteses não são argumentos, hipóteses são aspectos possíveis de um fato ou coisa. Se for isso somente argumento, então só existe na discussão. Entendeu? Desenvolver o senso real da contradição é a coisa básica. Mas quando eu falo isso, isso aqui, então acima da possibilidade do que se dá no ensino brasileiro e de filosofia, e sobretudo nas discussões públicas, que eu acho que é até o tópico que eu falo isso, a não ser para o círculo dos meus alunos, da onde eu espero que surja de uma produção filosófica melhor. No Brasil o que acontece? Você vê que existem pessoas que estudam seriamente, certas coisas, mas elas estudam o quê? Textos e, portanto, confrontações de argumentos. Elas não estão fazendo isso por diversão, elas estão fazendo isso para fazer currículo. Então isso quer dizer que mesmo na melhor das hipóteses, você vai encontrar uma atividade, vamos dizer, regulamentar, curricular, onde você precisa demonstrar uma certa habilidade, mas onde você não precisa ter nenhum desejo de encontrar a verdade. Nada, nada, nada, isso está absolutamente ausente. Eu acho que as pessoas vão até rir se você dizer, mas se você está buscando a verdade, você está falando, não, não, estou aqui investigando esse texto, investigando, sei lá, a filosofia de canta, a teoria do conhecimento e fulano e tal, e assim por diante. Mas qual é a relação disso com o mundo real? Ele vê no que está no que está, o que você quer dizer com o mundo real. E dele começa mais uma discussão estéril, ou seja, são cursos da arte de ler textos filosóficos e cursos de argumentação. E a motivação central da filosofia, que são as perguntas reais, que nos provocam um espanto, como dizia a História, estão completamente ausentes. Muito bem, esse amalgama de doutrinas e ideologias que compõem, a ideologia diversitária, a ideologia multicultural, como que irão chamá-la, ela é composta de coisas tão, tão, tão, tão heterogênias, que nenhuma síntese teórica é possível. Mas é possível que uma síntese estratégica, estratégica tática. Ora, quem fez a síntese estratégica tática? Eu digo, mas nem Antonio Grampher fez. Porque Antonio Grampher criou uma tática para uma estratégia, para o Partido Comunista, em particular, não para um movimento multi-ideológico. E, em segundo lugar, a estratégia que ele inventou para o Partido Comunista terminou por destruí-lo. Então, não funcionou. Também, se você olhar, digamos, os autores nazistas, eles criaram uma estratégia para criar um império multinacional sobre o domínio da Alemanha. Os muçulmanos também, eles têm uma estratégia para o movimento deles. Eles não estão a fim de promover o gaisismo, o feminismo, etc. No meio do pacote, para confundir as coisas. Mas, de repente, você pensa, pera aí, onde tem uma estratégia geral de tudo isso? Você só vai encontrar, em um lugar, os grandes esquemas brutalistas. Então, aí, você vai precisar procurar em fontes completamente diferentes. Mas, disso, nós vamos tratar, na segunda parte, na outra parte desse estudo, onde eu vou terminar o repertório das fontes, estudar uma por uma, com a ressalva, isso é importantíssimo. Quando eu faço esses parágrafos, o Max Orkheimer, o Teodora Dona, o Antonio Grampchen, já que de realidade, eu não estou fornecendo um resumo da filosofia deles, nem um resumo da obra deles. Estou apenas destacando alguns pontos que se incorporaram mais manifestamente no conjunto da ideologia 68. Hoje, estava vendo ali uma entrevistinha da Marcia Tiburin, dizendo qual é a democracia dos sonhos dela. Então ela disse, eu quero uma democracia radical, todo mundo viva como hippie. Olha, como é possível você chegar a um ponto em que uma professora universitária oferece como ideal político uma bobagem em que um drogado só pensa que ele está drogado. Se você olha, por exemplo, o Festival de Woodstock, você tem um microcosmo que seria um mundo hippie. Evidentemente, o mundo hippie tem que ser sustentado de fora, porque ele não pode, nada pode produzir. Você imagina, em partes da Holanda, você já tem o mundo hippie, todo mundo drogado, todo mundo fazendo séculos até na rua. Só que isso faz parte da Holanda na Holanda, 10% da população trabalhando sustenta o resto. Mas você tem esses 10%. Então, isso quer dizer que o sonho dela é uma coisa de criança. Só que hoje em dia existem macroempresas tentando realizar esse sonho através da inteligência artificial. Passar todo o trabalho pesado para os robôs e todo mundo vai se drogar e fazer sexo o tempo todo. E não haverá diferença entre o bom e o mal, certo e errado, em cima e embaixo, etc. Do que resultará isso aí? Suícido coletivo, evidentemente. Porque é o que diz o Jordan Peterson. Se tudo é igual, não existe o melhor ou o pior, portanto, não há esperança de nada. Então, o que você vai criar uma depressão universal e a auto-liquidação da humanidade, mais do que óbvio. E é para isso que as pessoas estão contribuindo e sonhando com isso como se fosse um paraíso. Bom, é um paraíso de um momento. Isso. Assim, você comer a mulher do vizinho, é o paraíso de um momento. Daí chega o vizinho dá um tiro e você inela, pronto, acabou o paraíso. Quer dizer, é a transposição, eternização imaginária de um momento também imaginar. Então, é a total desorientação no espaço e no tempo. E as pessoas falam isso como se fosse uma coisa normal, as pessoas prestem atenção. Quer dizer, esse pensamento de brincadeira já foi longe demais, né? Muito bem. Vamos fazer um... Peraí, já são 11h30. Não, não vou responder perguntas hoje não. Já foi muito tarde, tá bom? Então, até a semana que vem. Ah, outra coisa. Ali na minha fanpage, daqui a pouco, na minha parna, vai haver um link para aqueles que estão interessados no curso A Guerra contra a Inteligência. Se inscreverem previamente e receberem as informações. Já está na minha fanpage, está na parna do seminário, né? E aqui, 10 minutos, vai estar na minha própria parna no Facebook. Eu continuo no Facebook, mas eu estou criando uma outra parna no MIUI, M-E-W-E. Que é um excelente site, está muito bom aqui, sobretudo, ele não fisga informações. Eu não sei se vou para o MIUI ainda, mas estou conservando essa parna e estou anexando pessoas lá para criar um espaço alternativo que é um plano B. Se o Facebook nos estrangular amanhã, eu dou um sinal geral e todo mundo vai para o MIUI. Mas ainda não. Até a semana que vem, muito obrigado.