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Bom noite a todos, serão bem-vindos. Durante a semana eu recebi pelo Facebook uma consulta de um aluno a respeito da noção de tradição primordial do Renegue NON e achei que seria interessante ir até em tempo de a gente dar algum esclarecimento a esse respeito. Embora eu dê muita importância ao aluno do Renegue NON, eu nunca recomendei aos meus alunos que desenvolvessem o interesse especial por isso por ser um assunto muito complicado e que eu duvido que uma pessoa sem muita retaguarda filosófica consiga tirar algum proveito em vez de cair numa confusão dos diabos como acontece com tantos que têm lido essa coisa assim a mão livre sem rego e compaços. Mas de qualquer modo como a coisa já entrou em circulação, como muita gente já está lento, então não só as confusões proliferam, mas também muita curiosidade legítima, muitas perguntas perfeitamente respeitáveis e dignas de uma atenção. E essa pergunta de um aluno não me pareceu estar exatamente neste caso. Então para você entrar, não creio que seja possível discutir essa noção da tradição primordial separadamente do conjunto da obra do Renegue NON, é uma noção que aparece com um sentido muito específico na obra dele pela primeira vez, embora houvesse outras versões do mesmo conceito anteriores, desde santa agustínio já aparece de algum modo, mas ele dá a esta noção uma acepção muito específica que aparece pela primeira vez na obra dele e que portanto não é um fenômeno que você possa reconhecer por si mesmo, basta dar um nome, essa tradição primordial você já identifica do que o sujeito está falando, você vai precisar saber o conjunto do que ele está ensinando o respeito para depois você saber se isto existe ou não, então o problema se divide em duas etapas, primeiro entender o que o Renegue NON está querendo dizer, segundo você investigar se esta coisa da qual ele está falando existe ou não, e se ela é ou não do jeito que ele está dizendo, só o primeiro trabalho que é a aquisição da obra do Renegue NON pode levar muitos anos, embora a gente tenha visto nos últimos tempos aparecer pessoas que assim leram Renegue NON 3 meses e já saíram falando a respeito, essa é uma habilidade específica do brasileiro, você fala do que você não sabe e imitar direitinho as expressões de maneira que dá a impressão que você conhece aquilo a 20 anos, eu já vi isso há quantos vezes eu já vi isso acontecer, quer dizer eu lançava um conceito qualquer ano, o dia seguinte tinha 30 especialistas a respeito, é um fenômeno assim do mimetismo fantástico, é o famoso papamaco, uma papaco, mistura de macaco com o papagaio, que é o bicho simbolo da cultura brasileira, o papagaio não basta porque o negócio contém um elemento gestual, muito importante, não tem só a impostação vocal, o vocabulário imitativo, mas também tem uma gesticulação, uma coisa simples, dá uma ênfase física para o negócio, né? Então é o seguinte, a obra do Renegue NON não é tão grande, são os 20 poucos volumes, mas ela se divide num certo número de temas, tá certo que tão articulados uns com os outros, mas permanece perfeitamente distinto, e esses temas se distribuem em livros diferentes, ele dedica certos livros a determinados temas, depois outros a outros temas, e o conjunto forma um todo muito harmonioso no fim das contas. Então em primeiro lugar, a primeira coisa que ele explica são as doutrinhas metafísicas e a relação da metafísica com as demais ciências tradicionais, entre aspas, como cosmologia, astrologia, etc. Os livros que ele dedica a isso são basicamente três, o primeiro chama-se a metafísica oriental, que é um livro de 30 parnas, que é uma conferência que ele pronunciou na Sorbonne, 1930 e pouco, depois o Homem Seu Devir segundo o Vedanto, que é a explicação de um tema muito limitado da metafísica vedantina, mas que a partir desse tema, que é a posição do homem, a natureza do ser humano, ele abre um leque para a doutrina metafísica integral. Quando ele fala da doutrina metafísica, ele está se refenindo sobretudo à sua versão vedantina, quer dizer, neste ponto ele não está expondo novidades alguma, é o que você procurar ali nos Vedas, nos comentários de Shankaracharya, você vai encontrar exatamente esta mesma metafísica. Esta metafísica é universal, que ela está subentendida de algum modo em todas as tradições religiosas ou não do mundo, de maneira mais ou menos idêntica. Aqueles que quiserem manter uma prova conclusiva disso podem ter neste livro do Wittel Perry, The Breverage of Traditional Wisdom, onde ele faz uma antologia dos textos convergentes de todas as tradições, hinduista, budista, islâmica, cristã etc. E aí você confere que a visão que essas tradições têm da estrutura total da realidade é exatamente a mesma. Então, a quanto a isso não há muita dúvida. E o terceiro livro no qual ele explica isso é a granditria de onde ele usa o simbolismo da tradição chinesa, quer dizer que ele explica a mesma coisa usando dois simbolismos diferentes, mais de maneira convergente. Poderia também usar de qualquer outra tradição no fim das contas e a dar na mesma. Mas ele tem dois livros importantes que são análise do mundo moderno, a luz das cosmologias tradicionais, que são a crise do mundo moderno e o renda à quantidade. E ele interpreta então o momento histórico, o que ele chama crise do mundo moderno, a luz da teoria hindu dos ciclos cósmicos, e basicamente dos conceitos hinduos porucha e pracrítico. Quer dizer, que ele traduz como essência e substância, ou mais ou menos equivalente de forma e matéria. E a coisa mais fantástica nesses livros é que partindo de conceitos tão universais e abstratos, ele quando desce daí para o momento histórico, a coisa se torna de uma exatidão formidable. Você vê que ele faz ali no livro o renda à quantidade, ele faz várias previsões de como a coisa vai se desenrolar pra dentro, sempre deduzindo das doutrinas metafísicas. Ele não usa o método histórico, ele não vai pegar primeiro os fatos para depois, por indução, chegar alguma coisa. Não, ele parte dos conceitos universais e deduz-se por incrível que pareça, e isso confere com os fatos que estão acontecendo. Quer dizer, ele salta o abismo que existe entre os conceitos universais e os fatos concretos, ele salta e por incrível que pareça, em geral, dá certo. A única previsão errada que eu encontrei no Guinon, flagrantemente errada nesse sentido, foi aquilo que ele faz não nesses livros, mas num terceiro livro dedicado a crise do mundo moderno, que é Oriente e Ocidente, onde ele diz que a China jamais será Bolshevik. E ele diz isso assim, poucos anos antes da revolução chinês. Falha pra gente, essa foi a única mancada histórica séria que eu vi no Guinon, e no resto, eu acho que ele acerta com uma precisão muito, muito impressionante. Entre outras previsões, ele fala do desaparecimento do dinheiro que seria substituído por outros meios de pagamento. Você sabe que hoje aqui no Estados Unidos, se você fizer uma compra de certo valor e pagar em dinheiro, você cria suspeita em medata mesmo. Já pensa que você é traficante ou coisa assim, você tem que pagar tudo no cartão de crédito. Então, isso aí já está realizado. Em terceiro lugar, ele tem uma série de escritos sobre o simbolismo tradicional. Ele acredita que os símbolos são a linguagem por excelência em que se transmite a ciência sacra, a metafísica tradicional por toda a parte. Então, muitos escritos dele sobre o simbolismo foram reunidos num livro que se chama Simbulos Fundamentais da Ciência Sagrada, um livro que eu acredito indispensável, eu acho que maior livro de simbolismo que alguém já escreveu, é absolutamente insuperado. Em seguida, ele entra no problema das iniciações, e aí que a coisa começa a complicar um pouco. Porque ele diz que essa doutrina metafísica não é só uma doutrina, ela é, por assim dizer, um modo de percepção superior que ele vai chamar usando um termo que é de Schelling, só que ele não reconhece que é de Schelling, ele não reconhece a dívida, mas o termo é de Schelling, a intuição intelectual. A metafísica requer não só, segundo ele, um conhecimento teórico, mas exige uma transformação interior, de modo que ele tenha acesso a um modo de conhecimento superior e intuitivo que às vezes transcende a possibilidade da sua expressão em palavras, de modo que quando você lê os escritos do próprio Neginon ou de outro grande iniciado, já digo por que eu ponho entre aspas, como Morridin ibn Arabi, Orhal al-Dinurumi, o que eles estão dizendo é um milésimo do que eles percebem, o mesmo se aplica, por exemplo, Santo Maideaquino, quer dizer, a obra inteira de Santo Maideaquino é um fragmento do que ele pode perceber, mas o fundamental, ele mesmo confessar, fala, não, isso está acima da minha capacidade de expressão, quer dizer, eu sei, mas não sei dizer, tá certo? É claro que no Reneginon nós percebemos a mesma coisa, ele está sabendo muito mais do que ele pode dizer, tá certo? E embora as obras deles sejam um tudo de força linguístico absolutamente formidável, quer dizer, é uma coisa que leva às possibilidades de expressão linguística até a sua última possibilidade e se torna com isso, evidentemente, um clássico da língua francesa, sem a menor sombre dúvida. Então o problema começa quando o conhecimento de ordem metafísica está ancorado ou está, vamos dizer, associado ou linkado, por assim dizer, com as iniciações. Que é a iniciação? Ele diz o conhecimento metafísico é um conhecimento de origem não-humana, ele não diz divina, não diz diabórica, ele diz não-humano, ou seja, então são anjos ou demônios, ou o próprio Deus, que deram a primeira dica muito tempo atrás e estão vencendo, então, transmitido há muito tempo, não só por meio do ensinamento do outro, mas através de ritos de iniciação. Um rito de iniciação é um, onde uma sucessão de gestos carregados de intenção simbólica que abrem para um indivíduo que participa dele, certas possibilidades cognitivas que ele não tinha antes. Nós podemos tomar como exemplo, é uma coisa que o Renegas não concordaria, mas eu digo o próprio Batismo é um rei de iniciação e digo isso, isso é de acordo com a doutrina da igreja, está no catecismo de João Paulo II, o Renegas não concorda e já vemos por que ele não concorda e por que eu acho que ele está errado nisso. Então isso quer dizer que o Batismo abre para você certas possibilidades de ordem, não somente cognitiva, mas de ordem ontológica, que eles vão afetar o seu próprio ser, está certo? E evidentemente, os efeitos da iniciação não são imediatos, não é uma coisa que você perceba, é uma coisa que você vai principalmente por muitos anos, quando aquelas possibilidades vão se atualizando e você não sabe nem da onde elas saíram, está certo? Você compreender coisas que você em princípio não teria como compreender, assim as vezes você ter acesso a um vislumbre de mundos espirituais, da vida pós-a-morte, das escalas angélicas todas, você perceber isso sem você saber da onde você obteve esta possibilidade de conhecimento, tudo isso vem num rito iniziático. Existem os ritos iniziáticos que são até coletivos, no budismo tibetano você tem, por exemplo, o Guru exibe um mandala, um mandala, uma figura circular, concentra, que é em princípio um resumo do cosmos, ele simplesmente exibe aquilo para a multidão e aquela multidão toda está iniciada automaticamente. Mas o problema com as iniciações é o seguinte, as iniciações só são possíveis mediante um contato pessoal, assim como você tem na igreja a Sucessão Apostólica, quer dizer que Cristo ordena os primeiros sacerdotes, que ordena os segundos, que ordena os terceiros e a coisa vem e não pode parar, se parar acabou, não tem um meio de retomar. Então, isso quer dizer que quando ele fala de organizações iniziáticas, refirindo a várias organizações, como a companhar-a-jam, a masonaria, os sufres, etc. Ele está subentendendo que houve uma continuidade histórica dessas coisas e onde não há continuidade histórica, então, se trata do que ele chamaria de iniciações degeneradas. Uma coisa que sempre me chamou a atenção desde o início foi que o número de iniciações degeneradas que ele mesmo assinalava era muito maior do que as iniciações autênticas. Então, eu falava, então, tem alguma coisa que não está funcionando, não sei bem por que. E essa coisa ficou na minha cabeça durante 30 anos. Por outro lado, você vê que esta definição das organizações iniziáticas, como entidades que se prolongam no tempo através da sucessão do contato pessoal, tem implicações muito graves. Então, isso significa que o conjunto da experiência espiritual humana depende, e o último, de essas linhas de sucessão. E se elas forem rompidas, acabou tudo. E você nunca sabe realmente se as linhas foram rompidas ou não. Você não tem informação histórica. Por outro lado, não existe, efetivamente, nenhuma informação histórica que comprove que houve esta sucessão ininterrupta em nenhuma organização iniciatrica do mundo. Então, a única sucessão apostólica que existe é a da Igreja Católica. As outras sucessões, elas vêm com a pretensão de continuidade histórica, mas você não tem a menor prova disso. Às vezes, você consegue remontar até 200, 300 anos atrás e depois a coisa se perde na neva dos templos. Mas, de acordo com o Renegas, não. Essas organizações iniciais, elas remontam a própria criação do mundo. Então, você teria que ter uma sucessão material, fulano, passou pra fulano, passou pra fulano, passou pra fulano. Como você tem na Bíblia aquelas genealogias, fulano, gerou fulano, gerou fulano, gerou fulano, gerou fulano, gerou fulano, gerou fulano. E nós realmente não sabemos se essas gerações que se refere à Bíblia querem dizer apenas geração física ou a geração espiritual também. Ou seja, seriam linhas iniciatras. Nós não sabemos, de fato. Provavelmente são as duas coisas. Às vezes é uma coisa, às vezes é outra coisa. Então, mesmo quando você tem essas sucessões muito antigas, como tem na Bíblia, chega um ponto onde elas se perdem. Você não tem mais, vamos dizer, as gerações subsequentes. Em outro caso, você não tem as gerações anteriores. Em algum caso, você não tem geração, é nenhuma. Por exemplo, na Fundação do Islam, o profeta fundador, Mohamed al-Malmé, ele constitui um grupo de iniciados. São alguns dos companheiros dele que, além das bandidas cinco obrigações básicas do Islam e das cinco preces diárias, dedicavam-se a outras práticas espirituais mais elaboradas e mais de elite, por assim dizer. E ele, então, constitui esses camaradas como fundadores de linhas de transmissão. E daí é que saem as chamadas taricas. Tarica quer dizer um caminho e também quer dizer uma palmeira. Se a palmeira é o símbolo disso aí. O plural seria turca, mas nós vamos usar taricas, é a portuguesa anda coisa, para simplificar a guerra. Então, daí surgem as taricas. As taricas, em geral, têm uma árvore genealógica. Quer dizer, o chefe da tarica, chefe quer dizer apenas velho, não é bem um cargo, é um título honorífico e todo chefe de uma tarica, ou pessoa que tem um prestígio espiritual, está chamado chefe. Então, o chefe tem que ter a sua árvore genealógica e ela tem que ser acessível aos discípulos. Em geral, isso que cola-se atrás da porta, para quem entra já vê, e este recebe a iniciação desse, quer receber daquilo, quer receber daquilo, quer receber daquilo. E em princípio deveria haver provas, isso é documentos escritos, onde esse jeito recebe uma carta do cheico, que por só haver recebeu do seu cheico, etc., etc. O fato é que esses documentos são amplamente inacessíveis e as taricas se multiplicaram de tal maneira que hoje você já não tem mais controle nenhum. Pior ainda. O Renegue não diz o seguinte, uma organização iniciática, ele diz, não confunda a organização iniciática como uma organização religiosa, que é eminentemente exotérica, ou seja, que é o ensinamento espiritual legítimo de origem não-humano, mas transmitido indistintamente a todo mundo, com a organização iniciática, que é, vamos dizer, para um elite que vai ter acesso ao supremo conhecimento espiritual. O problema é que ele diz que as organizações iniciáticas, por um lado ele diz que tem que ter esta continuidade histórica material, fulano que passou para fulano, que passou para fulano. A organização iniciática que é composta de todos seus membros vivos e mortos, estão todos ali. E mais ainda contém membros não humanos. Então aí há muito tempo me surgiu um problema. No mundo islâmico existem alguns místicos de alto, o gabarito, cuja filiação espiritual não é conhecida, que talvez não tem nenhuma, e que são chamados então afrát, isolados. São pessoas que não pertencem a uma tarica, não se sabe quem é o cheio deles, mas eles de repente apareceram com aquele conhecimento, então supõe-se que ele tenha recebido a iniciação diretamente de algum membro não humano, especialmente no mundo islâmico. Essa função é atribuída ao profeta Elias. Elias é o mestre iniciador daqueles que não tem um mestre iniciador, mas que aparecem de repente sabendo aquelas coisas. Eu falo, então por um lado, estás falando de uma continuidade histórica comprovável. E o Genoa alerta muito para isso, diz, para entrar numa organização iniciática, você tem que confirmar que ela tem essa filiação. Mas como eu vou confirmar, se ela pode ter membros não humanos, membros mortos que estão atuando no presente momento, está certo? E se existem iniciações que não puderam ser registradas no papel, porque foram dadas diretamente pelo profeta Elias. Isso tudo fora do quadro cristão, onde as coisas se tornam ainda um pouco mais diferentes. Se essa explicação ficar muito complicada, e depois nas próximas aulas a gente tenta esclarecer mais alguma coisa. Eu sei que só isso que eu estou dizendo aqui, para muita gente, é o banho de novidade que pode... O Michel Weber, que foi um dos primeiros, qual eu convercii aí, se ele diz, o conhecimento da existência da tradição primordial pode desequilibrar uma pessoa por resta da vida. Ele pode ficar traumatizado com isso e nunca mais se levantar. O pior não é a simples alegação da tradição primordial, o pior é a documentação da uniformidade das doutrinas metafísicas em todas as tradições religiosas. Isso é uma coisa muito impressionante mesmo, e esse livro do Wittell Perry, ele tira qualquer dúvida que você possa ter aí sobre isso. Então, algo que se chama tradição primordial, existe historicamente e não tem como negar. Agora como que ela existe? Ela existe através de linhas de sucessão ininterrupta, como a sucessão apostólica na Igreja Católica. Ela existe, vamos dizer, com hiatos que podem se prolongar durante séculos. Então, por exemplo, você tem um organização que tem muitos membros, de repente mora em todo, sobra um, este um inicia um que inicia outro que inicia outro. E durante muitas gerações, aquela organização é representada por uma única pessoa, até que numa outra época ele encontra mais pessoas qualificadas e dá a iniciação para mais três ou quatro, a coisa vai multiplicando e crescendo de novo. De modo que isso é quase impossível de você acompanhar historicamente, especialmente no mundo islâmico, onde eu tentei por várias vezes mapear quais eram as taricas que existiam e chegou uma hora que eu falei, não dá, isso é uma confusão dos demônios. Ninguém sabe quem é quem, e não dá para você saber que tarica é autêntica, entre atos qual não é, a coisa ainda se complica formidamente, porque existe um fenômeno chamado sufismo ocidental. E o sufismo ocidental foi basicamente inventado por duas pessoas, que eram George Gurdjieff e Idris Sja, que eram dois charlatães. Mas o charlatã de alto nível não é uma coisa assim, não é um ragenixe, uma coisa desse nível, era a gente altíssimamente preparada e que alguma iniciação, ter a iniciação ou contra a iniciação, tinha, derrã. E que por isso mesmo, tinha sobre os seres humanos poderes anormais, poderes escravizar as mentes a um ponto que ele convenceu que era uma galinha ou se ele começava a botar ovo daqui a pouco. Então todo este lado, tudo que eu estou falando até o momento, é das iniciações que o Guenon consideraria autênticas. Quando você entra na coisa das iniciações degeneradas, então é a multiplicação de linhas, é um negócio absolutamente alucinante. O Guenon diz, por exemplo, que todo este radicalismo islâmico que nós vemos hoje, que é praticamente o único islâmico que nós ouvimos falar, que ele resulta de iniciações sufis degeneradas. Eu digo, mas olha, então parece que a degeneracência tomou conta de tudo, porque se você procura, eu mesmo tive uma experiência extraordinária, onde eu conheci a tarica do IdrShar, vi que aquilo era uma coisa mais que degenerada, uma coisa porca, e saí procurando, falei, então eu quero saber qual é a versão original para saber onde está o erro da cópia, onde a cópia foi mal feita, e fiz contato com o Martin Lings, que me introduziu na tarica do Chuon, que, onde ele dizia, agora você vai ver o que é o sufismo autêntico. Passo um tempo e a gente vê que havia várias taricas descendo o cassete na tarica do Chuon, porque ele havia degenerado o ensinamento. E assim, por exemplo, então você vê esse pessoal todo descendo o cassete no outro, e você fica ali que você segue o entiroteio, não dá para você se orientar realmente. Você dá para você encontrar como eu encontrei, mas eu me oriento a um pessoal, eu sei o que que eu vou fazer aqui no meio. Mas o perfil objetivo da situação integral eu não tenho, e ninguém tem, nem era negue, não tinha. Você vê que quando vai falar de certas organizações, ele mesmo diz, olha isso aí eu não sei, isso aí não dá para saber, não tem fontes. Então nós estamos ali no meio de luzes e trevas, onde às vezes a presunção de ser o portador de conhecimentos divinos e memoriais e eternos e dizer o portador deles para a humanidade sofradora e ignorante, coexiste às vezes também com uma obscuridade e às vezes com uma degeneracência moral também fora do comum. Quer dizer, eu vi isso, estou falando porque vi. Tá certo então. E por fim, ele tem, o Renan escreveu dois livros sobre a iniciação, que são apercebios sobre a iniciação e a realização espiritual. Eles são livros de toda a... o bia-bada das iniciações, o que é uma iniciação, o que é uma transmissão iniciaática, o que são ritos iniciaáticos, o que são símbolos iniciaáticos, etc. Como distinguir uma organização iniciaática de outras organizações parecidas, sociedades secretas, como por exemplo, o pessoal fala muito dos iluminados, né? E o Renan, o Renan demonstra ali em cinco linhas, fala não, os iluminados não são uma sociedade iniciaática de jeito nenhum, porque foi totalmente inventado pelo seu fundador, não tem nada antes, ele não tem história, foi o tal do Adam Weiss, que inventou tudo, inventou os regulamentos, inventou os ritos, etc. Então aquilo definitivamente não é uma sociedade iniciaática. Porém, sabe-se que os iluminados se infiltraram na maçonaria, a qual segundo o Renan é uma sociedade iniciaática, embora só muitos aspectos de generado também. Então houve ali uma mistura de maçonaria iluminática, até hoje não sabemos o que é o que. E por fim, o único livro que ele escreveu sobre a tradição primordial apropiamente dita é o Rei do Mundo. O Rei do Mundo surge de um debate no rádio, a propósito do livro do explorador, no aventureiro Poloneis chamado Ferdinand Ossendowski. Ossendowski estava na Rússia quando estourou a revolução e resolve fugir dali e ele sai a pé com uma espengarde, um saco de comida e vai para na Mongólia. E na Mongólia ele toma conhecimento da existência de um templo subterrâneo budista, do budismo tibetano, onde tinha a sua sede o Rei do Mundo, que seria o sujeito em torno do qual gira toda a vida espiritual do mundo. E ele disse que ele viu o Rei do Mundo, que ele viu os rúlituais, que ele viu etc. Todo mundo disse que o cara estava maluco. E entra o Renan Guerno e diz, não, pera, o que ele está dizendo confere com tais ou quais, documentos milenários, o que ele está dizendo não é novidade, isso aí existe mesmo. Então quer dizer que todas estas organizações iniciáticas teriam um centro, esse centro é o Rei do Mundo. E o Rei do Mundo não é uma figura simbólica, é uma figura real, material, ele existe, que está lá em algum lugar da Mongólia. Mas claro que muita gente contestou e até hoje ninguém sabe quem morreu, o garante que foi ele e o garante que foi eu, ninguém sabe nada a respeito. Se não sabia antes, continuou não sabendo depois. E esta coisa, esse templo do Rei do Mundo teria correspondência com vários outros templos que constituem então o padrão de uma geografia sagrada no mundo, que são todos centros irradiadores das influências espirituais que fundamentam as iniciações. Uma outra coisa que eu não entendi na época, eu disse, pera, mas se é iniciação? Ela tem que ser passada de pessoa a pessoa. Para que precisa esses centros irradiadores, esses templos que teoricamente estão espelhando a sua influência espiritual? Se é influência espiritual, na verdade só pode ser passada de pessoa a pessoa mediante a iniciação. Essa é uma pergunta que eu fiz há 30 anos e não tenho resposta até hoje. Então o Rei do Mundo é provavelmente o livro mais criticado do Rei Negenu pela sua presunção de localizar geograficamente em algum ponto da terra esses centros. Mas junto com esta tradição do Rei do Mundo, existe uma outra tradição que fala das sete torras do Diálogo, que são sete templos também, de onde se espalham as influências maléficas e demoníacas e onde você tem ritos que em vez de elevar as pessoas espiritualmente, as rebaixam ao nível até subanimal. Já ouviam falar sobre a lenda de lubes homens. Isso remete a um fenômeno que se chama Licantropia, em que o indivíduo não se transforma em física menos lubes homem, mas ele adquire qualidades lupinas em troca de qualidades humanas. Por exemplo, um faro extraordinário, às vezes uma força física extraordinária, uma coisa baixa. Vocês devem ter assistido um filme que chama Os Lobos Não Choram. Eu só acho lindo aquilo, porque a vida dos lobos, a integração, etc. Mas aquilo é um rito de Licantropia, a transformação de um homem num lobo. As pessoas ficam ficando mais idióticas e não vêem ele estar pelado correndo no meio dos lobos atrás das renas. Ele era um professor de antropologia, agora ele é um lobo. Sobre certos aspectos, o negócio é muito bonito, mas quando você vai ver o sentido profundo, é horrível. Então o reino de Ferincia muito as tradições iniciaticas autênticas das tradições degeneradas e do que ele chama contrainiciação, que são justamente essas, a influência passada por esses centros satânicos. Porém ao mesmo tempo ele diz que muitos desses organizações contrainiciação são organizações que eram iniciaticas e que degeneraram. E quando ele sai procurando organizações que ele considera autênticas e que seriam ainda as transmissoras da iniciação, elas são pouquíssimas, raras e diluídas. Então na verdade ele só identifica, como organizações tradicionais autênticas, mas claro as grandes religiões, mas são apenas exotéricas, não são iniciaticas propriamente de segundo ele, já veremos se ele tem razão. E mais a maçonaria, a companhia em eragem, que era uma iniciação de ofícios da idade média, que ainda tem talvez meia dúzia de membros, e as taricas sulfis, isso é tudo que existe. Só que as taricas sulfis quando você vai ver também para eles já estão todas degeneradas, então não sobrou praticamente nada. Então eu digo o fato é o seguinte aqui, a tal da contrainiciação domina tudo, e isso é o que nós vemos. Ele diz quando que houve então, vamos dizer, uma fase histórica em que as iniciações e que a espiritualidade autêntica prevalecia, você não a encontra. Você pode revirar as obras renegenoide e todos os outros, você fala, a cadeia tal da idade ouro, onde todo mundo é iniciado, isso só existe míticamente. Ou seja, por um lado está afirmando a necessidade da continuidade histórica, material, por outro lado está remetendo, vamos dizer, a uma origem mítica. Então nós ficamos sem saber o que fazer, quer dizer, ou você discursa na clave mítica, ou na clave histórica, vamos se misturar uma com a outra, ou você está se confundindo ou está nos confundindo. Ou as duas coisas, eu não acredito que o renegeno fosse desonesto, em absolutamente nada, mas eu acredito que a própria amplitude do tema que ele decidiu abarcar é de confundir qualquer cabeça humana. E num certo momento surge dos vários discípulos que ele tinha deixado, várias pessoas que tinham sido influenciadas pela obra dele, aparece um cidadão suíço que era um pintor, chamado Frithjofuom, que tinha ido para Argella e lá tinha recebido a iniciação sufre de uma tarica do Sheikh al-Alawi, que era o homem espiritual mais famoso ali da região, e que quando o Sheikh morre, vários membros da tarica têm um sonho de que aquele suíço seria o novo Sheikh da tarica. Até hoje ninguém sabe se isso é autêntico, forjado, se isso vale ou não vale, mas para todos efeitos, como não tinha Sheikh nenhum, ficou ele mesmo e ele instalou a sua tarica na Suíça, de onde irradiou a sua influência por um enorme círculo de intelectual que depois mudaram todos para os Estados Unidos, alguém deu um imenso terreno para eles no estado de Indiana, eles foram lá construir várias casinhas, vários templos, etc. E ali eles faziam as suas práticas. E o Genom tinha uma teoria seguinte, de que o cristianismo era originalmente uma tarica, ou seja, era originalmente uma organização iniciática, só para poucos, e que em função da necessidade histórica, ou seja, a total de gênerescência da religião romana, ele se exotericizou, se tornou uma religião de massas, mudando, portanto, esse caráter e perdendo a sua força iniciática. No entanto, diz ele, o exoterismo cristão não se perdeu totalmente, ele se conservou em algumas pequenas organizações, como a companheira, a própria maçonaria, e ele ainda está aí a disposição de quem quiser. E o João, que era de início um discípulo do Genom, ele discordou do Genom nesse ponto e disse, não, isso não é possível, porque nós não temos nenhuma notícia da mudança dos ritos cristãos essenciais desde a fundação do cristianismo, eles são exatamente os mesmos. Por outro lado, Jesus Cristo diz ostensivamente, eu nada ensinei em segredo, portanto, o que ele ensinou, todo mundo ouviu, e a famosa elite simplesmente não existia. Em terceiro lugar, seria uma coisa estranhíssima que o ensinamento secreto que Jesus disse que não deu, tivesse se conservado mais em segredo ainda para reaparecer só no século 18, sob a forma da maçonaria, ou durante a idade meda na companheira. Então, entre outras coisas, o Genom faz também uma distinção muito importante, entre o que ele chama os pequenos mistérios, os grandes mistérios. Os pequenos mistérios são iniciações que dão acesso a conhecimentos de ordem cosmológica. A estrutura do universo, o segredo da história, o segredo do poder, vários elementos de psicologia espiritual, tipologia espiritual, etc. E os grandes mistérios são aqueles que dão acesso ao conhecimento propriamente divino, acesso ao conhecimento da divindade. O que acontece é o seguinte, o sacramento cristão, o que que eles são? Segundo o Genom, eles são apenas ritos de agregação, ou seja, é um rito que inclui você dentro de uma comunidade espiritual. Portanto, não são ritos iniciaticos de maneira alguma. E o que se desenvolve no cristianismo, segundo o Genom, não é um esoterismo mais amística. O que é amística? Amística é uma prática de ordem essencialmente emocional, que consiste no amor a Deus, e que não tem um poder iniciatico de maneira alguma. Acontece que quando você vai ver a tal da mística cristã, ela, em última área, não está promovendo apenas o que o Genom chama a salvação da alma. A salvação da alma é você não ir pro inferno, é você ir pro céu, não ser punido. Então diz o Genom que, em geral, as religiões oferecem apenas a salvação da alma, mas que existe uma coisa superior a isso, que é que você teria acesso pelas iniciações. Acontece que a rigor, a mística cristã, ela oferece textualmente não só a salvação, mas a santificação e a divinização, ou seja, a sua transformação no próprio Jesus Cristo. Isso aí são Paulo Apóstolo disse. Claramente não sou mais eu que estou aqui, é o Cristo que está aqui ocupando meu espaço. E existem vários livros muito interessantes, agora eu digo, mas peraí, mas se você chegar a divinização, então não há mais nada pra um dia depois disso, é? Então é evidente que se o indivíduo se transfigura no Jesus Cristo, então não há um grau mais elevado a iniciação que ele possa passar. Então a minha conclusão é que o João tinha toda a razão, quer dizer, os ritos cristãos são iniciáticos e quando o Papa João Paulo consagrou isso no catecismo dele, ele fez ir com muita consciência, ele disse, não, vamos parar com essa história de que aqui o cristianismo é só exotérico e de que os nossos ritos são apenas riscos de agregação. Isso é uma iniciação verdadeira que vai levar você até o último ponto onde é possível chegar, ou não tem mais nada depois, onde como diria Shankaracharya, não há mais nada pra ser conhecido, porque já tem o conhecimento universal, né? Você incorporou no logo, o que é o logo? É inteligência divina, você se identificou com ele, então não há mais nada que você precisa saber depois disso. Então é claro que essa possibilidade, a da santificação e a da divinização, ela não entra em linha de conta na prática diária do cristianismo. Às vezes eu ando ali buscando a salvação da alma e digo, olha, se eu não for pro inferno, já tô contente, tá certo? O que vier pra mais, eu não consigo nem imaginar o que é. Então o fato de que a maioria, então, não tente sequer tirar proveito dessas possibilidades superiores, não quer dizer que elas não existam, porque elas estão claramente prometidas, tá certo? E que algumas pessoas chegaram a realizá-la, não tem mais a menor dúvida. Quando você vê essa série de milagres do Padre Pius, para quem está fazendo isso, o Padre Pius, ele fala, não, é o próprio Jesus Cristo que está ali, não tem outro jeito, entendeu? Então isso quer dizer que dentro do cristianismo, o cristianismo então escapa completamente do conceito de exoterismo e exoterismo que o genu usa, que é um conceito que é estritamente islâmico. Você vê que no próprio mundo hinduista você não tem muito essa fronteira entre exoterismo e exoterismo. Há uma continuidade, uma mistura, uma indefinição, mas no mundo islâmico existe e é uma distinção legal. Quer dizer, você tem as normas da religião que são obrigatórias para todo mundo e você tem uma série de práticas puramente espirituais que só são praticadas nas taricas sobre orientação do shake e que, de certo modo, coloca você numa posição que pode parecer irregular perante a visão exotérica religiosa da sociedade em geral, mas que é permitido. Então isso quer dizer que um sujeito pertença a uma ordem sulfa e esteja praticando aqueles ritmos espirituais, às vezes era autorizado a dizer coisas que se dissesse num contexto exotérico, eles o matariam ou condenariam à morte. Mas dizem não, ele está num estado de exaltação espiritual, ele percebeu certas coisas que nós não entendemos, na verdade não estamos entendendo o que ele está falando, então ele fala. Então você tem essa distinção não somente conceptual, mas legal no islâmico. E o genu mantém essa distinção, de maneira quase rígida ao longo da obra dele, embora ele reconheça que não pode ser rígida, mas ele aplica regidamente. E esses conceitos não se aplicam ao cristianismo, porque não há uma diferença entre ritmos religiosos e ritmos iniciaticos no cristianismo, os mesmos ritmos que são religiosos são iniciaticos para o outro dependendo apenas da intensidade do seu comprometimento e da profundidade da sua participação. Quer dizer, os ritmos que tiram você do inferno do purgator e te asseguro um lugarzinho na salvação são os mesmos que asseguro a outra sua santificação e divinização. Não há diferença. A quem decide é diferente, mas no fim das contas é você. Então nós vemos que a coisa fundamental do advento do Cristo foi justamente abolir essa diferença de esoterismo e exoterismo, que no judaio me existe também, até certo ponto. E criar uma situação na qual as iniciações estão abertas para todo mundo, dependendo profundamente você deseje participar da coisa. E eu entendo que toda obra do Reneginon ela avisa a restaurar de algum modo a autoridade das organizações iniciaticas, como ele as entende, sobre o cristianismo. Então ele reconhece o cristianismo, ele reconhece o cristianismo à religião autêntica, é uma tradição espiritual legítima, mas puramente exotérica, e que o que existe de interior e de espiritual no cristianismo sobrou só nessas pequenas organizações. O que historicamente falando é uma impossibilidade, porque se o Cristo nada ensinou de segredo, em segredo, como é que os caras podem ter conservado o segredo? Em segundo lugar, muitas dessas organizações você vê que elas bebem em fontes ou islâmicas ou judaicas e não no cristianismo. Então essas organizações certamente existem, eu seria o último a negar até a legitimidade delas, porém é uma legitimidade que é limitada pelo advento do cristianismo. Por isso que o Cristo diz que todos que vieram antes de mim são ladrões. E por outro lado, o conjunto destas organizações exotéricas, o número delas que se tornou decadente e contrainiciado, que é tão grande, mas tão grande, mas tão grande, que a ideia de iniciações autênticas passa a ser um puro idealismo. E uma coisa limitada, então, a uma elite muito pequena, cuja ação, nós não temos a menor ideia de que efeito pode ter no mundo. Então isso aqui é o que a gente pode dizer até um momento sobre a tal da tradição primordial. Mais tarde eu posso voltar a este assunto. Vamos fazer uma pausa, depois que nós voltamos. Então vamos lá, primeiro lugar que o Gabriel Marini me envia a um negócio que não é uma pergunta, que é uma verdadeira pésia universitária que está fazendo aqui. Mas o assunto é muito interessante, ele diz que alguns documentos telegramas do Roberto Campo, então embaixador do Brasil em Londres, estão sendo usados como indícios de que o João Goulart teria sido assassinado. Eu li os telegramas, não tenho absurda nem nada disso, mas a imaginação misturada com um pouco de suspeita maliciosa pode ir para longe. E ele diz, pergunta se isto não está sendo trabalhado como espécie novo mito fundador nacional. Eu acho que está sim. Mas a sua mensagem aqui é muito longa para ser lida aqui. Eu surrei que essas perguntas começassem a constar ali do fórum do seminar para ficar disposição de quem quiser e pode alimentar muita conversa interessante. Eu peço que as perguntas serão sempre breves, mas está difícil aqui. Bernard Trindade pergunta, comecei o curso de integridade filosofia mais ou menos um mês, estou muito satisfeito apesar de que, como qualquer inicial que se presta, está como caia de dúvidas. As titulas 241, o senhor explica, se é que a gente tem direito que a diferença entre ver um gato, a foto de um gato, não pode ser explicado como bioquímica, mas sim pela nossa consciência. Eu nem entendi o porquê e a diferença da nossa percepção, não poder ser explicado pela bioquímica. É muito simples, é só você estudar o fenómeno hipnose, onde o cérebro humano não consegue distinguir entre estar sendo queimado com uma ponta de cigarro e alguém dizer que você está sendo queimado com uma ponta de cigarro. Isso não é uma diferença com o cérebro, por si, perceba, ela é que é algo mais. É só os fenómenos de hipnose esclarecem isso perfeitamente. Ainda que, eu que ele pergunta o seguinte, se todas as nossas reações estímulos eternas teriam efeitos sobre nós serão devido a nossa bioquímica cerebral, eu penso que o fado estávamos vendo um gato, a foto, um gato deveria se expressar nas bioquímicas. Sim, é claro que o cérebro percebe um gato e percebe a foto de um gato, mas você dizer qual dos dois é verdadeiro, não é uma função cerebral, é inconcebível que isso seja feito por um cérebro. A noção de verdade, veracidade, não é uma noção que seja bioquimicamente ou neurologicamente traduzível. Por quê? Porque todas as reações neurológicas se dão dentro do seu cérebro e a veracidade não está no seu cérebro e nada que você percebe está numa relação com o objeto que existe fora de você. Essa relação não se dá no seu cérebro, é? A relação entre o cérebro e alguma coisa que não é cérebro e essa reação é verdadeira, que não pode ser abrangida pelo próprio cérebro. Se ela fosse abrangida pelo próprio cérebro, aí sim, é que não haveria nenhuma possibilidade de distinção entre um gato e a foto de um gato. Essa possibilidade existe porque é algo nessa relação que transcende o funcionamento do cérebro. Se estivesse estudando o cérebro, então aí não haveria distinção mesmo. Se ele fosse certo, o maior da sua pergunta está invertida. Será que é uma ouvida? Será que é uma ouvida? Essa noção da relação entre o sujeito e o objeto, ela não pode ser estudada exclusivamente dentro do sujeito. E o cérebro está inteiramente dentro do sujeito. Quer dizer, seria um absurdo que nós pudéssemos identificar essa diferença só pela reação cérebro. A relação cérebro não pode te informar se ela é real ou imaginária. Vicente Pessoa, o senhor acabou de comentar. Isso já havia escrito essa pergunta. Se a tradição primordial existe e impõe homogeneidades do ultrínio da metafísicas, se o Cristo diz que todos que vieram antes deles são ladrões, essa tradição não pode ser uma verdade revelada pelos demônios com o objetivo de ganhar almas. Eu acho que essa pergunta transcende minha capacidade. Mas, em princípio, a identidade das ultrínio da metafísicas não tem nada a ver com a fonte divino ou demoníaca. Porque a estrutura da realidade é a mesma, de acordo com deles, de acordo com os diabos. Eles sabem qual é a estrutura da realidade. Então, isso seria neutro de esse ponto de vista. Agora, o poder de salvar as almas ou de divinizá-las, isso é outra coisa completamente diferente. Quer dizer, o fato de que duas tradições têm uma mesma doutrina metafísica, isso é a melhor coisa que você dizer que uma teoria certa e uma teoria errada usa uma mesma matemática. A matemática é idêntica, a doutrina metafísica diz respeito apenas a estrutura da realidade. Alguém me pergunta aqui o que é a estrutura da realidade. Quais são as condições universais e permanentes sobre as quais toda existência, que aqui qualquer existência, de qualquer forma que seja, está necessariamente submetida. Você pode tomar como exemplo fundamental uma estrutura da realidade os princípios da lógica, o princípio de identidade, de não contradição de terceira exclusiva, mas tem muitos outros. Por exemplo, a noção de uma prioridade ou de uma anterioridade, que existem coisas que são prioritárias em relação a outras, sem as quais as outras não podem existir, não são que uma coisa é condição para a existência de outra. Você vê isso, por exemplo, no plano biológico, é absolutamente necessário que os antepassados venham antes dos antecedentes na série seja temporal, seja lógica. Então, são um conjunto de determinações que são absolutamente inescapáveis. Então, por exemplo, a existência de uma esfera invisível para além do visível. Isso é absolutamente necessário, pelo simples fato de que visível não é uma qualidade física inerente aos sujeitos. Visível é apenas uma qualidade nossa, qualidade do sujeito que percebe. E a nossa percepção é altamente seletiva, ela é limitada e seletiva. Então, antes de você disser, só existe o visível, é a mesma coisa que dizer, só existe o que eu estou vendo, porque não existe o visível em si, só existe o que é visível para os seres vivos dotados da capacidade de visão. Portanto, se nós dissermos o mundo visível, o mundo visível é apenas, vamos dizer, uma metáfora que você constrói em cima dos vários círculos de visão, dos vários entes. Eu vejo uma coisa, o urso vê outra coisa, a formiga vê outra coisa, o sapo vê outra coisa, é só isso que dizer, ninguém viu o visível, ninguém viu jamais o mundo visível. Então, ele é, vamos dizer, uma construção abstrata e não uma realidade concreta. Está certo? Portanto, a existência de algo para além do visível é uma necessidade absoluta. É isso, também a relação que existe, vamos dizer, entre princípios e consequências, quer dizer, um princípio é uma coisa que tem uma validade universal e que tem que, quer dizer, se manifestar necessariamente em todas as diferenças da realidade e existem consequências que são limitadas a determinada esfera. Se não existisse essa diferença, o mundo seria uma pasta, está certo, e não haveria diferençação nenhuma. Por exemplo, a diferenciação entre distintas escalas de tempo. Esta é outra necessidade, quer dizer, as escalas de tempo estão condicionadas à duração dos vários seres e nenhum de nós tem acesso a que nós podemos chamar temporalidade em si. Em si é uma abstração, nós podemos conhecê-la pela inteligência abstrata, não pelos sentidos. Está certo? Então, todas essas, se você somar todas essas determinações que estão presentes em toda a parte, nós podemos dizer que nenhuma tradição espiritual jamais as negou, todas estão de acordo com isto. Se são condições que estão presentes em toda a realidade e que a determinam, então elas são também a condição para toda e qualquer ação possível. Por exemplo, que uma ação tenha que ter algum objeto, que um sujeito que haja, um objeto sobre o qual agir, mesmo que o objeto seja o próprio sujeito, quer dizer, uma ação sem um objeto, sem um desdobramento de objeto, é absolutamente impossível. Então, a falta de entendimento metafísico é a base de toda confusão mental que existe. Por exemplo, o pessoal pode estudar lógica, mas não entende a lógica porque imagina a lógica apenas como uma regra da linguagem, uma regra da combinação de proposições. Esta combinação de proposições não valeria absolutamente nada se ela não tivesse um fundamento ontológico, que é se a necessidade lógica não correspondesse nenhuma necessidade objetiva, a lógica não valeria nada, seria apenas uma espécie de um jogo de xadrez. Se nós conseguimos, por exemplo, fazer cálculos sobre a realidade e esses cálculos se revelam experimentalmente eficazes, é porque a matemática com a qual nós fazemos esses cálculos tem algum fundamento na realidade, ainda que nós não sabemos exatamente qual é este fundamento. Mas, por exemplo, quando o Mário Ferreiro do Santos, no livro Sabedoria das Leis Eternas, ele descreve a série dos números inteiros como sendo uma série de leis ontológicas, ele está exemplificando o que queremos dizer com estrutura da realidade. Ele diz, por exemplo, todo e qualquer ser tem que possuir alguma unidade. Ele não tem unidade, ele não tem o ser, é o famoso arrega do Dan Scott, o ente e a unidade se converte em uma na outra, é a mesma coisa. Se não tiver unidade alguma, então não é nada. Pode ser até uma unidade meramente abstrata, que você inventou, por exemplo, quando nós falamos a sociedade humana, ela só tem uma unidade abstrata, mas é alguma unidade de algum modo. Se você não pudesse referir a ela como unidade, então você não pode falar nada a respeito dela. Por outro lado, é absolutamente necessário que dentro desta unidade exista alguma dualidade. Se não existisse dualidade, você nem poderia falar dessa unidade. Então por exemplo, a unidade a qual você fala, você pega um ente e qualquer, tem o gato, então tem a unidade do gato e tem a sua referência ao gato. Se essas duas coisas fossem exatamente a mesma, você não poderia distinguir entre pensar num gato e ser um gato. Então esta dualidade de sujeito e objeto existe necessariamente em cada ente. E assim por diante, assim existe um aspecto alternário, quaternário, etc. E isso é uma série de leis ontológicas que vigoram para todos os seres humanos. Se você examinar bem, você vai ver que um certo conhecimento instintivo dessas leis ontológicas, existem todos os seres humanos, o mais burro que você pode maridar. Por exemplo, o sujeito pode ficar esquizofrênico e ele confundir entre ele e você, ele achar que ele é você. Mas isso não quer dizer que quando você come ele vai se sentir alimentado. Quer dizer que a confusão não é total, mesmo que fique completamente louco, então a distinção de sujeito e objeto ele tem. É claro que tem no nível meramente operacional, não tem no nível reflexivo consciente que justamente a função dos filósofos é explicitar essas leis na máxima medida possível. Mas no fundo, todo mundo as conhece, conhece no sentido de saber usar, saber pensar e perceber de acordo com ela. Quer dizer, qualquer ato de percepção, por mais simples que seja, mesmo praticado por um animal, subentende essas leis. Por exemplo, a diferença do sujeito e objeto. Quando ouve ele a ver um lobo, ela sabe que ela não é o lobo, senão ela não ficaria assustada. Então essa distinção tem que estar presente ali, também tem que ter, quando explica o Mario, além de ter a dualidade, você tem que ter um ternário, isso é uma relação qualquer. Tem que haver uma relação qualquer, se não um não existe para o outro, não existe para o um, então se não há relação, não há ação possível. E assim por dente, são princípios que quando você os conhece, você vê que são óbvios, mas eles são milhares de princípios e eles estão presentes uniformemente, às vezes de uma maneira explícita, às vezes de uma maneira simbólica em todas as tradições religiosas do mundo. Como eles estão, de fato, se você pensar bem, eles estão subentendidos em todas as filosofias clássicas. Assim, quando se alguns filósofos começam a perder a noção dessas coisas, então some o diálogo filosófico. Isso não é possível mais do diálogo, porque é como se os filósofos não estivessem mais no mesmo mundo. Então eles não estão se referindo à mesma realidade. Então a filosofia se resume a uma expressão de estados subjetivos, entre os quais a discussão é impossível, como nós vimos no caso de umas aulas atrás, nós vimos aquele texto do Wolfgang Stechmiller, que ele explicava a fragmentação do diálogo filosófico, em grande parte, por causa disso, a pessoa em estados muito avançados de uma cultura urbana, onde começa a surgir inumeráveis subculturas que valem para um grupo, para outro grupo, para outro grupo. Então o diálogo se torna impossível, porque não é que você não tem mais uma linguagem comum, você não tem mais sequer uma percepção comum. Então é claro que aí começa a proliferar o absurdo nas suas formas mais extremas, sendo que esse absurdo, para os seus portavós, não soa absurdo. O que corresponde aos seus sentimentos e aos seus desejos? Por exemplo, do dia apareceu um sujeito dizendo que nós deveríamos abolir a diferença entre os sexos, para que a criança pudesse escolher o seu sexo. Eu digo, mas escuta, mas se você abolir a diferença, como é que ela vai escolher? O sujeito pergunta assim, eu quero ser como o papai ou como a mamãe, mas como ele vai saber quem é o papai e quem é a mamãe? Então é uma proposta que ela é um curto circuito, né? Ela não diz absolutamente nada, mas ela expressa, sob forma de aparência lógica, um desejo. E o desejo é a da utopia sexual, da livre circulação do prazer e da onipotência do indivíduo determinar o seu próprio sexo, que na verdade é uma coisa impossível. O sujeito decide fazer uma operação para virar mulher, porque ele sabe que ele é homem, se ele não fazia operação, não tem nenhuma mulher que jamais fez operação para virar mulher. Então, também vão dizer a negação do passado, né? Ah, eu nasci homem, mas eu queria tanto ser mulher, bom, mas você já tem sido homem, faz gente de cinco anos, meu filho, você não pode apagar o seu passado, né? Ele vai estar sempre presente ali, mas num mundo ideal utópico, tá certo? Não há esses problemas. Então, o desejo desta utopia é um desejo extremo de uma felicidade paradisíaca, se expressa numa linguagem que parece lógica, mas quando você vai ver, é totalmente absurdo. Nesse sujeito dissei, eu estou apenas sonhando, né? Então, assim, quando eu quero ser homem, eu sou homem, quando eu quero ser mulher, eu sou mulher, né? É uma imagem da sua felicidade tal como você imagina. Você fica com a inverteza das mulheres, as mulheres mais fáceis, mas eu só queria ser também. Daí você vira mulher e fala, não, não, não, o que era homem eu mandava mais, então quero voltar. Então, é claro, é uma história da carochinha, mas é uma imagem da felicidade, de certo modo. E quando, vamos dizer, esta imagem da felicidade é cultivada num certo grupo, a língua de esse grupo é incomunicável com a de outros grupos. E se você disser para o sujeito disso, olha, o que você está querendo é impossível, porque se abolir os sexos não é possível, mas escolher, né? Ele não vai entender o que você está dizendo. Então ele vai reagir impulsivamente, vai dizer, você é um reacionário, você é contra o progresso, você é a favor do atraso, você é a favor do retrocesso, um monte de palavras que eu não quero dizer absolutamente nada, retrocesso na relação aqui, né? Porque você não faz sentido você dizer, por exemplo, ah, não, houve civilizações em que o homossexualismo, o transexualismo era aceitável, etc., etc., e nós agora estamos progredindo em relação a isso. Mas isso não era antigamente. Então como é que é o progresso? Você está entrando a discurso absolutamente sem sentido em todos os seus detalhes, mas isso não importa, porque não é uma proposta objetiva e não tem consistência, não foi feito para ter consistência lógica, foi feito para imitar uma lógica para ser persuasivo, para o próprio sujeito. Ele tem impressão de que ele está dizendo uma coisa consistente quando ele está apenas expressando um desejo. Isso não acontece só na esfera dessas discussões tuva, dentro da filosofia também aparece. Você tem inflúmeras, propostas inesequíveis, que são teoricamente inesequíveis. Quando você pensa o negócio do Descartes, eu acho que eu demonstrei no Olíquio a proposta cartesiana, é inesequível, não dá para fazer o que ele está dizendo. E nem tanto ele acredita que ele está fazendo. Porque aquilo lhe dá, naquele momento, um sentimento de certeza. Ele estava com aquelas dúvidas da fé e tal. Ele se apegou a isso aí e isso tranquilizou a alma dele. Mas não quer dizer que nós possamos fazer o que ele diz que fez, porque ele também não fez. Ele apenas diz que fez. Você vê, a combinação gramatical é uma coisa, a combinação lógica é outra, e a combinação ontológica é outra. Tem coisas que você pode dizer que são compatíveis com a estrutura da gramática, mas não são com a estrutura da lógica. E outras são compatíveis com a estrutura da lógica, mas não são compatíveis com a estrutura da realidade. São coisas que podem ser pensadas ateologicamente, mas que não podem ser executadas. Então, afinar o senso dessa distinção é você retornar ao que não pode chamar o pensamento normal da humanidade. É como dizia o Escolácio, é aquilo que todos e em toda parte sempre acreditaram. Se você pegar um índio, um papo da Nova Guiné, um habitando o Polo Norte, um esquimó, todos eles conhecem essa estrutura da realidade, associam-se com base dela, embora não serem capazes de expressá-la em linguagem conceptual. E por que que precisa expressar em linguagem conceptual? Porque às vezes a coisa começa a falhar. Então, daí você tem que usar aquilo refletidamente para poder consertar. Quer dizer que a filosofia surge de uma situação anormal. As pessoas já não estão conseguindo mais se expressar dentro do quadro da realidade. Então, ainda a produção de discursos se desligou do mundo da ação verdadeira. Então, as pessoas começam a anunciar propostas e planos que elas não vão executar. Elas vão fazer uma outra coisa e dizer que é esta. Quando percebem que aquilo que fizeram não era exatamente o que planejavam, daí assim, meu mundo caiu. É que nem o negócio da economia estatizada. O de economia estatizada é impossível. Portanto, o nego dizia, eu sou comunista, eu vou fazer a economia estatizada. Não, meu filho, você vai fazer uma outra coisa. Você vai fazer uma ditadura desgraçada que vai estar cheio de início a dia privada no meio. Legal e legal vai estar lá do meio. Isso é o que você vai fazer. E você vai dizer que é o comunismo. Ou mais tarde você vai dizer, não, isso ainda não era o comunismo. Nós precisamos tentar com mais vigor. Precisamos ser mais sérios nesse negócio. Eu disse, bom, é isso que dizia o Gurdjaf. A maior parte das preces consistem em pedir a Deus que 2 mais 2 dê 5. Então as pessoas pedem, pedem, pedem. Deus nunca prometeu que ele ia fazer dá 5. Mas o senhor está acreditando. Então ele passa a chamar o 4 de 5 e assim por ele fica satisfeito. Eu vou adescer mais alguma pergunta respondível hoje. Aqui, sério, o rei do mundo é meu que Zedek, personagem bíblico do livro de Gênesis, que interagiu com Abrão quando ele retornou vituraleira da batalha de Sidin. É descrito como rei de Salem e que não deixou descendência. Mas é o tal negócio. Se não deixou descendência, como é que tem o rei do mundo? Não pergunta para mim e não pergunta para o Enegue não, porque eu não sei, o Enegue não também não sabe. Então, com isso já respondi a pergunta do André Lira, que é o que é a estrutura da realidade. Aqui, o Adriano Oliveira fez um testinho sobre o Brasil que eu vou ler inteiro, que está muito interessante. Desagrangei a tragédia de viver no Brasil e ser brasileira, até ele lidar na escala desproporcional e diariamente com a estupidez, inveja, recentimento, fingimento e ignorância ódio ao conhecimento e um pragmatismo individualista abjeto em qualquer coisa que tem medo de se fazer, desde as mais altas esferas intelectuais, passando pelas artes, políticas, negócios, religião, até os mais corriqueiros, costumes, cotidianos. É como viver em um hospício de proporções continentais, em uma espécie de umbral limbo onde os loucos, dotados de astucimalistas, estão por toda parte e se utilizam de mecanismos eficientes derivados da própria cultura brasileira para enlouquecer que ainda não é louco. Um lugar onde os que ainda não enlouqueceram são tratados como loucos pelos próprios loucos, assim como o Simão Bacamarte, na obra de Machado e Aciso alienista. Esse que para adequar a realidade a própria loucura, a sua própria confusão mental, inverte a hora dos diagnósticos o significado das coisas como o de é conveniente. A obra de Lima Barreto inteira também é um registro da chaga que se arrasta através dos séculos, uma aguda compreensão do seu barreto como no livro de Bruce Wundangas, de como a cultura extremamente perniciona, destrói e corrompe tudo ao seu redor, aniquilando o indivíduo, que não encontrará defesa suficiente para resistir ao ambiente compressivo e rebaixando sua consciência aos níveis mais próximos da subhumanidade. É realmente preciso no Brasil construir uma resistência mental sobre-humana para não perder o rumo da própria existência. O problema do Brasil não é o comunismo, o positivismo, nem qualquer ideologia, filosofia, desprepar o equivo filosófico que se pode cometer. É uma doença existencial profundamente alojada na alma de cada um que nasce neste lugar e que, dada a própria estrutura patológica da nossa condição cultural, acaba por não se atrair e absorver tudo o que não presta do resto do mundo. Mas isso é absolutamente perfeito. Este é o programa do Brasil. E você vê que ao longo da história do Brasil, houve vários heróis do Espírito que conseguiram levantar um pouco a cabeça acima desta lama geral e perceber o que estava acontecendo e dizê-la como o próprio Machado de Acínio, um alienista, um alienista, um lio profético. Aquilo é a história do Brasil. Quando você vê pessoas seriamente indo na Câmara Federal, precisamos abolir as destestões dos sexos de maneira que as crianças possam escolher. Eu digo muito bem, isso é como você faz o jogo de xadrez, agora não há mais pedras pretas e brancas, são todas cinzentas e você escolhe. É uma coisa tão absurda, tão idiota que uma pessoa não deveria poder dizer isso, não deveria ser possível expressar uma estupidez dessa em palavras. Não entanto, eles são e acreditam que estão dizendo alguma coisa. Isso não acontece só com pessoas estúpidas, pessoas de uma inteligência normal podem dizer essas coisas se foram psicopatas. Porque o psicopata não está interessado na veracidade do que ele está dizendo, apenas na eficiência que ele vai ter sobre outras pessoas. Eu acredito seriamente que Calmax era um psicopata. Quando você vê o modo, ele trata da família dele, ele fala claro que era um psicopata, claro que é um homem insensível. E de uma ambição absolutamente louca, se você estuda a atuação dele na primeira internacional era só puxar tapete, facado nas costas, sacanagem, até ele virar o jefão, virou. Quando você vê o número de comunistas que os comunistas mataram, eu digo ninguém mata mais comunista que os comunistas também, eu me fico reclamando dos outros. Mas você vê que tem um elemento patológico nesta coisa. Então agora aconteceu o seguinte, o problema do Brasil não é o excesso do elemento patológico, é a fraqueza do elemento normal, é a fraqueza do elemento saudável, é muito pouco. Ele existe e ele te dá elementos para você resistir. Por exemplo, você estudar a vida, obra do Lhoy Alvaret, eu digo aquilo, é um exemplo de sobrevivência na selva. De certos aspectos, a nossa vida é muito melhor que a dele. Nós tivemos mais chance do que eles têm. Ele não tinha neocófipo, ele assistia, ele não tinha um professor para dizer, olha, você não está louco, não usou, tem que estar louco, não se incomoda, não fique apavorado. Não tinha, você está absolutamente sozinho. De acordo com você, tem outros exemplos. Quando você chega, existem alguns momentos na vida brasileira onde se forma um certo círculo de pessoas conscientes capaz de dialogar, da certa coisa parece criar uma certa área luminosa. Você vê isso no segundo Império, em parte, com o próprio Machado da Cíclica, já dá um exemplo de uma agudeza de consciência fora do comum. As pessoas que o liam, algumas entendiam até onde ele estava chegando, outras não, pelo menos amigos mais próximos, o Joaquim Nabó, o Oliver Alí, me entendiam perfeitamente. Então você tinha esse diálogo das inteligências que é uma área de luminosidade. Depois, dentro dos anos 40 ou 50, você vê a cultura brasileira dar uma subida e formar uma área de diálogo entre grandes intelectuais, grandes escritores que havia naquele momento. Então a coisa parece que está iluminando o resto. E aí, em seguida, vem uma longa noite que começa, a pessoa fala da ditadura, fala não, começou na ditadura, mas vocês pioraram o negócio muito mais depois. E pioraram em grande parte porque as pessoas que se revoltaram contra a ditadura e tinham razão para se revoltar contra ela, que é a minha geração, é a geração do Zé Serra, do Rui Valkão, dessa gente toda, eles ficaram tão revoltados com a ditadura que acharam que o único problema do Brasil era esse. Eles não entendiam nada mais além disso. Quer dizer, equacionaram tudo nos termos, vamos dizer, de uma revolta comunista grosseira e acharam que se eles chegassem ao poder, estariam tudo resolvidos. Falaram problema que está lá os milíquios e não nós. Eu digo, bautiro aos milíquios, botou vocês, o negócio piorou. Por que? Porque vocês eram pessoas pequenas, vocês eram até menores. Moralmente falando, eram muito menores do que os milíquios. Intellectualmente alguns eram até melhor, mas moralmente eles eram muito inferiores aos milíquios. Vocês não têm substância humana. E substância humana tem um Zé D'Irceu, tem o Rui Valkão, tem o Lula. São pessoas usnadas. Agora, quando você vê a milicada, eles podiam ser até pessoas medíocas, mas eles tinham alguns sentimentos genuínos. Um sentimento de oradejo na cidade, eles tinham mesmo nenhum governante militar ficou rico. Quando eles passaram, eles tinham todo o poder na mão, não tiraram um raio do proveito pessoal, nunca. Eles eram honestos e eram patriotas. Eu digo, isso dá uma substância humana para eles. Há um passo que esses caras têm o quê? Eles só têm o espírito da patota, o espírito mafioso de um ajudar o outro para todo mundo subir na vida. Isso eles têm, é o único mérito que eles têm o seguinte, eles não romam sozinho, eles repartem, é a democratização da corrupção. O negócio do Ademar e Barros, quer dizer, o restaurante, se a moralidade autos nos loucopletemos, eles optaram pela segunda alternativa, eles se loucopletam juntos. O Zé D'Irceu nunca foi egoísta, ele sempre ajudou os outros a roubar também. E assim por exemplo. Então, isso aí para eles é, aqui ficou reduzido o sentimento moral, quer dizer, uma complicidade de bandidos e acompanhada, vamos dizer, de uma vaidade monstruosa de se achar. Eu lembro que os estudantes naquele tempo, no tempo que o Zé Serra, presidente da Unem, os estudantes dizem, nós somos a parcela mais esclarecida da população, de quem disse? Quando você vê a arte popular, a arte de esquerda, aquele tempo, um conjunto de chavões absurdamente idiota, você pode dizer, bom, a ideologia dos milímetros também era idiota, ela era idiota até certo ponto, mas ela tinha uma visão objetiva da economia dos problemas nacionais e resolveu muitos problemas nacionais, sem dúvida. Então, vamos dizer, os milímetros eles se rebaixaram tudo ao nível deles, só quando você rebaixa o negócio não fica para por aí, vai cair mais e mais e mais e mais e mais e mais, ele não parou de cair até hoje. Então, nós de fato vivemos lá atrás de existência, mas você não pode esquecer que houve outras pessoas que já vivem no isso, passaram por uma solidão engraçada, eu mesmo, gente. E eu durante a grande parte da minha vida, eu só tinha amigos 30 anos mais velhos ou 30 anos mais novos, a minha geração não sobrou ninguém, ninguém, sabe que é zero, zero, zero. Quando apareceu o Bruno Tolentino, voltou da Inglaterra, falei, isso é um milagro, o primeiro cara da minha geração, com o que dá para eu conversar. Não tem um degraçar, logo morreu. Sacanagem. Então, é isso. Bom, eu acho que não dá para, está muito tarde já, né? Bom, então vamos parar por aqui. Semana que vem tem mais. Até a semana que vem, obrigado. Ah, lembrar vocês do curso Como Tornar Sobre Leitura Inteligente, de 28 de abril a 3 de maio aqui em Colôneo Heights. As informações estão na minha página, ao lavodicarval.org. Já se marquem bem, obrigado.